“Repito este apelo dramático: Ajudem-nos! É preciso material. Temos cá gente, temos laboratório mas é inacreditável o ministério da Saúde ter deixado chegar a zero o nosso stock” — foi este um dos pontos principais da mensagem que José Ribau Esteves, Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, deixou à Rádio Observador esta segunda-feira, depois de se saber que só últimas quatro semanas, 15 idosos de um Lar da Santa Casa morreram de Covid-19 (outros 77 estão infetados e 22 funcionários também acusaram positivo).

“O Ministério da Saúde deixou o nosso stock de zaragatoas chegar a zero”, revela o Presidente da Câmara de Aveiro

O apelo do autarca é motivado pela falta de material – zaragatoas, mais concretamente – que se tem sentido: “O stock do nosso hospital, em termo de zaragatoas para fazer testes, chegou a zero.”, explicou. Ribau Esteves, nos últimos tempos, já veio a público várias vezes falar da falta de material que diz ter sido prometido e que tarda em chegar. Hoje voltou a fazê-lo:

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Até hoje, o tal camião que está para chegar há quase 15 dias ainda não chegou. Ainda hoje estavam testes marcados em dois lares de Aveiro, a 73 idosos. Estava tudo pronto porque havia a notícia de que ia chegar hoje o tal camião com zaragatoas mas teve de ser tudo cancelado.”

Pelo telefone, o autarca esclareceu que estes dados são certificados pela delegada de saúde local e surgem depois de uma semana “em que finalmente, depois de muita luta, conseguiu-se fazer um conjunto de testes mais significativo”, 100, no total, depois de nas três semanas anteriores só ter sido possível fazer um total de 40.

Ribau Esteves ressalvou ainda que situações como esta verificam-se em lares de outras regiões próximas como Ílhavo, Albergaria-a-Velha, Estarreja, Murtosa e Sever do Vouga.

No caso especifico deste lar da Santa Casa o presidente da câmara explicou que para tentar conter a situação, ao longo das ultimas semanas, “os profissionais da Santa Casa — devidamente acompanhados pelos médicos do nosso hospital de Aveiro e da delegação de saúde —  organizaram  o lar em alas autónomas”, ou seja, dividiram positivos de negativo e criaram equipas autónomas “para que os serviços fossem absolutamente autonomizados.”

Ribau Esteves esclareceu que os casos mais críticos foram sendo reencaminhados para o hospital (“alguns desses obitos ocorreram lá”), mas também já tiveram “boas notícias”, casos de idosos que depois de irem ao hospital regressaram ao lar e estão bem.

O Presidente da Câmara de Braga  também se pronunciou esta segunda-feira sobre a falta de testes e/ou de material para os realizar. Ricardo Rio fala numa “enormíssima insuficiência” de testes disponíveis para rastrear a Covid-19, sublinhando que já há no concelho quem tenha agendamentos para depois de 20 de abril.

“Isso é quase uma barbaridade“, referiu. O autarca considera os testes “fundamentais para separar infetados de não infetados” e, assim, evitar contágios.