O comissário europeu da Economia apelou esta quarta-feira ao “sentido de responsabilidade” do Eurogrupo, por os ministros das Finanças da zona euro não terem ainda chegado a acordo sobre a resposta económica da Europa à crise gerada pela Covid-19.
“A Comissão Europeia apela ao sentido de responsabilidade necessário numa crise como esta”, vinca o responsável europeu pela pasta da Economia, Paolo Gentiloni, numa publicação na rede social Twitter, dando conta da suspensão dos trabalhos após 16 horas de negociações.
#Eurogruppo rinvio senza accordo dopo 16 ore di riunione. La Commissione fa appello al senso di responsabilità necessario in una crisi come questa. Domani è un altro giorno
— Paolo Gentiloni (@PaoloGentiloni) April 8, 2020
Aquele que é o representante do executivo comunitário nas discussões do Eurogrupo sobre a crise gerada pela pandemia Covid-19, adianta: “Amanhã é outro dia”.
A reunião do Eurogrupo foi suspensa esta madrugada após 16 horas de discussões sem consenso para um compromisso político sobre a resposta económica da Europa à crise provocada pela pandemia Covid-19, e será retomada na quinta-feira.
Também através do Twitter, o ministro francês da Economia e Finanças, Bruno Le Maire, e o seu homólogo alemão, Olaf Scholz, exortam “todos os Estados europeus a derrubar os desafios excecionais para chegar a um acordo ambicioso” no Eurogrupo, numa publicação conjunta (e publicada pelo primeiro).
Après 16 heures de négociations, pas d’accord à l’#Eurogroupe sur la réponse économique à la crise du #coronavirus. Nous reprenons demain. Avec @OlafScholz, nous appelons tous les États européens à être à la hauteur des enjeux exceptionnels pour parvenir à un accord ambitieux.
— Bruno Le Maire (@BrunoLeMaire) April 8, 2020
Já Olaf Scholz, numa publicação também assinada com Bruno Le Maire, vinca na sua conta do Twitter que, “nesta hora difícil, a Europa deve permanecer unida”.
In dieser schweren Stunde muss #Europa eng zusammenstehen. Gemeinsam mit @BrunoLeMaire rufe ich deshalb alle Euroländer auf, sich einer Lösung dieser schwierigen Finanzfragen nicht zu verweigern und einen guten Kompromiss zu ermöglichen – für alle Bürgerinnen und Bürger #Corona.
— Olaf Scholz (@OlafScholz) April 8, 2020
“Apelamos a que todos os países do euro não se recusem a resolver estas questões financeiras difíceis e que possibilitem um bom compromisso para todos os cidadãos”, refere a mesma mensagem.
Antes da reunião, Mário Centeno disse esperar que os ministros das Finanças europeus cheguem a acordo sobre um pacote financeiro de emergência robusto para trabalhadores, empresas e países, e que se comprometam claramente com um plano de recuperação de grande envergadura.
Contudo, o compromisso a que os ministros das Finanças estão ‘obrigados’ a chegar está a revelar-se difícil de ‘fechar’, pois o ponto mais controverso da resposta, o financiamento para os Estados-membros, que Centeno defende que deve ser garantido através de linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), por ser a opção mais prática e “consensual”, continua a dividir os Estados-membros.
De um lado, vários países, encabeçados por Itália, defendem antes a emissão conjunta de dívida — os chamados ‘eurobonds’ ou ‘coronabonds’ — e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, já reafirmou a sua oposição à solução em forma de empréstimos do fundo de resgate da zona euro. Do outro, um conjunto de países, com Holanda à cabeça, rejeita liminarmente a mutualização da dívida, e, mesmo em relação às linhas de crédito do MEE, quer impor condições.
Mais pacíficas serão as duas outras vertentes do pacote de emergência que o presidente do Eurogrupo espera ‘fechar’ nesta reunião, para apresentar aos chefes de Estado e de Governo da UE: o programa de 100 mil milhões de euros proposto pela Comissão Europeia para financiar regimes de proteção de emprego e uma garantia de 200 mil milhões de euros do Banco Europeu de Investimento para apoiar as empresas em dificuldades, especialmente as pequenas e médias empresas.
Em pouco mais de um mês, esta é a quarta reunião por videoconferência dos ministros das Finanças europeus para tentar acordar uma resposta comum à crise do novo coronavírus, sendo que desta feita é-lhes ‘exigido’ um compromisso, para ser apresentado aos líderes europeus.
No último Conselho Europeu por videoconferência, realizado em 26 de março, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia, após uma longa e tensa discussão, mandataram o Eurogrupo para apresentar, no prazo de duas semanas, propostas concretas sobre como enfrentar as consequências socioeconómicas da pandemia, que “tenham em conta a natureza sem precedentes do choque de covid-19”, que afeta as economias de todos os Estados-membros.