O líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, reivindicou em declarações a jornalistas o ataque que matou, na segunda-feira, um estrangeiro em Matarara, aldeia do centro de Moçambique.

“O Governo deve resolver o problema da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana]. Sem isso vai haver problema, vão [se] agravar [os ataques]” precisou Mariano Nhongo, em declarações aos jornalistas, por telefone, insistindo que os guerrilheiros cumprem as suas ordens.

Nhongo ameaçou destruir investimento estrangeiro e impedir “o saque de recursos florestais e mineiros” por estrangeiros, em detrimento das comunidades locais.

Sete homens armados, dois dos quais com catanas, invadiram um estaleiro madeireiro e fizeram reféns os trabalhadores, exigindo dinheiro e alimentos, antes de matar um cidadão de nacionalidade vietnamita e incendiar sete viaturas e dois “bulldozers”.

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Mário Arnaça, porta-voz da Polícia de Manica, disse haver uma mudança de estratégia com um ataque a uma aldeia do interior, ao invés das habituais incursões nas principais estradas, onde estão concentradas as forças de defesa e segurança.

O inimigo tem as suas estratégias e nós temos as nossas“, disse, quando questionado sobre o facto de o assalto ter acontecido a poucos quilómetros de uma posição militar.

Os ataques armados, prosseguiu Mário Arnaça, estão virados para os distritos de Gondola (província de Manica), Nhamatanda e Gorongosa (província de Sofala), onde as autoridades “centram atenções”. “Eles aproveitaram esta ocasião e foram planificar as suas ações noutras áreas”, sublinhou.

Apesar de inicialmente haver dúvidas sobre a nacionalidade da vítima mortal, a polícia confirmou esta quarta-feira tratar-se de um cidadão do Vietname.

O ataque surge na sequência de outros que já fizeram 23 mortos desde agosto em estradas e povoações das províncias de Manica e Sofala, por onde deambulam guerrilheiros dissidentes da Renamo, liderados por Mariano Nhongo.

O grupo tem recorrido à violência armada para negociar melhores condições de reintegração social do que aquelas acordadas pelo seu partido com o Governo no acordo de paz de agosto de 2019.

A zona do ataque tem sido palco de outras incursões naquele troço que liga o Norte ao Inchope, importante entroncamento com a EN6 (entre Beira e Zimbábue).