Os hospitais públicos e privados de Setúbal estão a colaborar no combate à Covid-19 e as unidades hoteleiras disponibilizam alojamento para os profissionais mais expostos à pandemia, revelou esta quinta-feira à agência Lusa o coordenador da Proteção Civil Municipal.

O acordo entre as administrações hospitalares prevê a eventual transferência de doentes não Covid do Hospital São Bernardo (hospital público Covid) para o Hospital da Luz (hospital privado não-Covid)”, disse José Luís Bucho.

“Permite também o aproveitamento da capacidade hospitalar instalada no concelho antes de se recorrer a hospitais de campanha e à instalação de tendas, que são menos confortáveis, além de terem de ser devidamente equipadas”, acrescentou.

De acordo com o responsável da Proteção Civil de Setúbal, para libertar camas no Hospital São Bernardo também foi estabelecido um acordo com o Hospital da Arrábida, em Azeitão, que irá receber 12 doentes daquela unidade hospitalar que necessitam de cuidados paliativos, da mesma forma que a Segurança Social se comprometeu a encontrar solução para outros cinco doentes, que deverão ser colocados em lares públicos e privados.

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A par da preocupação em proporcionar as melhores condições possíveis aos doentes, a Proteção Civil Municipal também procura proporcionar algum conforto aos profissionais de alguns setores mais expostos à Covid-19 (saúde, forças de segurança, cruz vermelha e bombeiros), alguns já instalados em unidades hoteleiras do concelho.

Há profissionais de saúde e das forças de segurança que não querem ir para casa, com receio de contagiar os familiares, e que já estão alojados na Pousada de Juventude [neste momento são apenas quatro, mas já foram 16] e também no Hotel da Escola de Hotelaria de Setúbal [15 pessoas]”, justificou José Luís Bucho.

“Caso seja detetado algum lar com grande número de casos da Covid-19, há a possibilidade de colocarmos algumas pessoas não infetadas desses lares em unidades hoteleiras, desde que essas pessoas tenham alguma autonomia e mobilidade, enquanto se procede ao tratamento daqueles que estão infetados no interior desses mesmos lares”, disse José Luís Bucho.

O coordenador da Proteção Civil Municipal sublinhou ainda a disponibilidade demonstrada por diversas unidades hoteleiras do concelho, com mais de 1.200 camas, para ajudarem no combate à pandemia.

“Se a propagação da pandemia se agravar no concelho de Setúbal, temos ainda a possibilidade de instalar um hospital de retaguarda no Instituto do Emprego e Formação Profissional, mas, neste momento, não é necessário, até porque existe um entendimento entre as administrações do Hospital São Bernardo e do Hospital da Luz”, acrescentou.

No âmbito do combate à pandemia da Covid-19, a Câmara Municipal de Setúbal aprovou quarta-feira a isenção do pagamento de rendas de concessão de estabelecimentos comerciais proibidos de exercerem atividades durante a vigência do estado de emergência.

Segundo a autarquia, a medida, que já tinha sido anunciada no passado dia 24 de março, inclui a isenção de taxas de ocupação da via pública de esplanadas, com efeito a partir do passado dia 1 de março e em vigor até ao final do mês seguinte àquele em que se verifique o termo do estado de emergência.

A par desta isenção de taxas e rendas, a Câmara de Setúbal disponibiliza uma linha de apoio para aquisição de bens essenciais de superfícies comerciais e farmácias, destinada exclusivamente a munícipes em grupos de risco relativamente à pandemia de covid-19.

A linha de apoio, gratuita, com o número 800 212 216, é direcionada à “população com mais de 70 anos, doentes oncológicos, pessoas com deficiência, incapacidade e em quarentena devido ao novo coronavírus e também para pessoas com insuficiência económica”.

O banco de alimentos criado para dar resposta à distribuição de bens essenciais a pessoas de grupos de risco está instalado na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, sendo a distribuição assegurada por voluntários das unidades locais de Proteção Civil das juntas de freguesia do concelho.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 89 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito esta quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 409 mortes, mais 29 do que na véspera (+7,6%), e 13.956 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 815 em relação a quarta-feira (+6,2%). Dos infetados, 1.173 estão internados, 241 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 205 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 0h de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado no dia 2 de abril na Assembleia da República.