Rui Rio, o Colaborador. O líder do PSD está disposto não só a aprovar um orçamento suplementar, com verbas extra para o ano de 2020, como também está disposto a viabilizar os Orçamentos do Estado que se seguirão. Não de forma cega, nem sem antes ver os documentos, mas a “latitude de aprovação”, essa sim, admite que é neste momento muito maior. Tudo para responder aos desafios que se seguirão à paralisação da economia devido à Covid-19. Tudo em nome do “interesse nacional”. Em entrevista à SIC, nesta noite de quinta-feira, o líder do PSD anunciou ainda que é favorável à renovação do estado de emergência por mais quinze dias, na próxima semana, e não descartou alinhar num eventual governo ao lado do PS de “salvação nacional”. Não disse que sim, nem que não, prefere não traçar cenários.

“Naturalmente que estou disponível para viabilizar um orçamento suplementar, não é sequer retificativo porque vão ser precisas muito mais verbas para fazer face à crise”, disse. Mas não de forma cega. “Com isto não estou a dizer que o PSD está ao dispor do Governo para aprovar tudo. Terei de conhecer o documento, mas a latitude para aprovar é muito grande, porque precisamos neste momento que o Estado tenha um papel muito forte. Este é o momento do Estado cumprir o seu papel”, acrescentou.

Questionado sobre se essa posição de colaboração relativa a um orçamento suplementar também se alastrava ao Orçamento do Estado para o ano seguinte, o líder do PSD apressou-se a responder de forma afirmativa: “Com certeza”. Ou seja, o mesmo vale para os Orçamentos do Estado de 2021, e até para 2022, que Rui Rio admite virem a ser muito condicionados por aquilo que estamos a passar neste momento. “Todos temos de ter consciência” de que a recessão pode ser longa e a recuperação mais longa ainda. “Um partido da oposição responsável tem de ter consciência disso”, afirmou.

A ideia é que é Portugal que está em causa, pelo que neste debate não devem entrar “estados de alma”. “Não vamos aceitar tudo, vamos ser críticos, mas vamos ter uma latitude muito grande”, insistiu, acrescentando que o PSD não está a cooperar com o Partido Socialista, mas sim com o Governo de Portugal em nome de Portugal. “É Portugal que está na minha mira”. Ou melhor: “Isto não é para estados de alma, isto é para olhar ao interesse nacional”, disse.

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Quer isto dizer que o líder do PSD, que tem mandato pelo menos até 2022, está disposto a integrar um governo de bloco central para funcionar como governo de salvação nacional? Rui Rio é suficientemente ambíguo para não se comprometer. Rui Rio admite que qualquer governo que governar no período pós-pandemia será sempre um governo “de salvação nacional”, no sentido em que terá de relançar a economia nacional como um todo, mas não descarta que PS e PSD venham a estar juntos nesse governo. “Não estou a pensar nisso, isso é sempre uma solução um bocado contra-natura, mas não estou a pensar nisso ou noutra coisa, é muito difícil de antever”, disse, preferindo não desenhar cenários.

Certo é que Rio diz “estar pronto para servir o país”. Questionado sobre se, para isso, for necessário um acordo de governo com o PSD, Rio não assume mas também não descarta. “O que eu assumo é que não estou aqui por mim, estou aqui para ajudar o país, e calhou exercer esta função numa altura em que o país precisa de todos nós, e de mim também. Tenho de ser coerente, estou pronto para servir o país. Não estou em governo nenhum, e estou a fazer tudo para servir o país”, disse.

O líder do PSD admitiu ainda que algumas reformas estruturais que têm sido as suas bandeiras, como a reforma da Justiça ou do sistema político, possam ficar para trás devido à emergência da retoma. E defendeu, desde logo, a renovação do estado de emergência por mais 15 dias quando, no próximo dia 17 de abril terminar o atual decreto.