“No sofrimento encontramos a redenção” — é este o título da mensagem pascal publicada este sábado pelo cardeal George Pell no Weekend Australian. Menos de uma semana depois de ter sido absolvido pelo Supremo Tribunal australiano de todos os crimes de abuso sexual de menores que lhe eram imputados e de ser libertado, depois de 404 dias na prisão, o cardeal, responsável pelas finanças do Vaticano, e arcebispo-emérito de Sidney, voltou a reiterar a sua inocência e divagou sobre ateísmo, abuso sexual de menores e coronavírus.

George Pell. Como o ministro das Finanças do Papa passou de inimigo público n.º 1 a inocente

“Acabo de passar 13 meses na prisão por um crime que não cometi, foi uma desilusão atrás da outra”, escreveu o cardeal, que estava a cumprir uma pena de seis anos de prisão por abusos sexuais cometidos contra dois rapazes, nos anos 1990. “Eu sabia que Deus estava comigo, mas não sabia o que Ele estava a fazer, embora tenha percebido que Ele nos libertou a todos. Mas foi um consolo saber que podia oferecer a Deus cada golpe que sofri por algum bom propósito, como transformar a massa de sofrimento em energia espiritual”, acrescentou Pell, 78 anos.

Escreve o cardeal, esta — aceitar o sofrimento e transformá-lo em algo benéfico — será a resposta correta para as questões que se colocarão neste momento ou ao longo da vida a todos os cristãos e que passa a formular: “O que devo fazer nesta situação? Por que razão há tanto mal e sofrimento? E porque é que isto me aconteceu? Porquê a pandemia do coronavírus?”. Pelo meio, Pell elenca as soluções erradas: os ateus “acreditam que o universo, o que nos inclui a nós, é um produto do acaso”, e os defensores do “agnosticismo radical” dizem “que não sabemos e talvez não queiramos saber”.

“A crise dos abusos sexuais fez milhares de vítimas. E, sob muitos pontos de vista, esta crise também é má para a Igreja Católica, mas extirpámos dolorosamente um cancro moral e isso é bom”, continuou o cardeal, que ao longo do processo judicial contou sempre com o apoio do Papa. “Da mesma maneira, alguns também podem ver a Covid-19 como outro mau momento para os que afirmam acreditar num Deus bom e racional”.

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