O diretor do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues, considera que “é necessário preparar já esse futuro, que não pode ser de austeridade para a cultura, como acontece habitualmente”. Para o dramaturgo e encenador sem apoios a atual crise “será fatal para o futuro da criação artística em Portugal”.

Devido às restrições exigidas no combate à pandemia covid-19, milhares de artistas de todas as áreas ficaram sem possibilidade de trabalhar, com o encerramento dos espaços culturais.

Para já, o criador diz que “é fundamental que as instituições culturais públicas paguem os espetáculos cancelados, alargar a abrangência das linhas de emergência, reforçar o financiamento público na cultura e evitar cortar primeiro nesta área”.

Sobre os apoios já anunciados pelo Ministério da Cultura, vê-os como “primeiros passos para responder a uma crise excepcional que exige medidas excepcionais”.

“Em Portugal, a situação dos artistas já é historicamente muito precária, e esta pandemia vem revelar as fragilidades existentes. Preocupa-me a situação dramática de muitos artistas e técnicos. Há pessoas que não podem pagar as despesas básicas”, alertou.

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Tiago Rodrigues antevê que a crise se vai prolongar e exigir mais medidas: “Vai ser preciso visão, coragem política, de contrário será fatal para o futuro da cultura e da criação artística em Portugal”. O diretor do D. Maria II apelou aos responsáveis políticos para que “não cedam à tentação e tradição de cortar no investimento para a cultura”.

Observou que “a arte parece ganhar um lugar vital nesta altura, a cultura tem um papel fundamental. As pessoas são forçadas a ficar em casa e continuam a consumir a produção artísitca a que têm acesso”. “A cultura não é um luxo acessório, mas uma necessidade real, tem um lugar central na vida democrática”, vincou.

Tiago Rodrigues é um dos três diretores dos teatros nacionais que estão a criar, conjuntamente com a Companhia Nacional de Bailado, um programa artístico online para celebrar o 25 de abril, na sequência de um desafio lançado pelo primeiro-ministro, António Costa.