Julian Assange, o fundador do Wikileaks que está detido numa prisão de alta segurança, em Londres, teve dois filhos enquanto viveu na embaixada do Equador na capital inglesa. A revelação foi feita pela mãe das crianças, uma das advogadas de Assange. Chama-se Stella Moris, tem 37 anos, é sul-africana e pede a libertação do companheiro por temer que, devido à saúde frágil do agora noivo, Julian Assange esteja mais vulnerável à Covid-19.

A notícia foi avançada pelo Daily Mail, a quem Stella Morris deu uma entrevista. O jornal revela ainda as idades das crianças: Gabriel, de dois anos, e Max, de apenas um ano, concebidos enquanto o pai esteve a viver na embaixada do Equador em Londres, para evitar ser extraditado para os EUA, pela publicação de documentos secretos do governo norte-americano sobre crimes no Iraque e no Afeganistão. Assange enfrentava também acusações de uma alegada violação na Suécia, mas essas entretanto caíram.

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O jornal avança ainda que o casal começou a relação em 2015, está noivo desde 2017 e mostra aindafotografias de Assange com os dois filhos, na embaixada do Equador.

Na entrevista, Stella Morris revela que o fundador do Wikileaks assistiu ao nascimento dos dois filhos através de uma vídeochamada e que conheceu Gabriel na embaixada. Os dois filhos já visitaram, entretanto, o pai na prisão.

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Com a pandemia de Covid-19, Stella Morris receia pela vida de Assange se o companheiro continuar detido — na prisão de alta segurança em que este se encontra já morreu um recluso por Covid-19. Os advogados de Julian Assange pedem, assim, a sua libertação, ao abrigo dos planos do governo de libertar milhares de reclusos para evitar a propagação do novo coronavírus nas prisões.

Segundo Morris, Assange está duplamente vulnerável por ter uma doença pulmonar crónica agravada nos anos de confinamento, e que tem ainda problemas psicológicos, resultado do isolamento. Assange esteve na embaixada do Equador em Londres entre 2012 e 2019.

“Nos últimos cinco anos, descobri que o amor faz com que as circunstâncias mais intoleráveis ​​pareçam suportáveis, mas isto é diferente – agora estou com medo de não voltar a vê-lo vivo”, disse, na entrevista. “Tenho vivido em silêncio, a criar Gabriel e Max sozinha e ansiosa pelo dia em que possamos viver juntos em famílias. Agora tenho de falar porque vejo que a vida dele está em risco”.

“A melhor maneira de descrever [a relação] é dizer que era como estar numa zona de guerra e que, nas guerras, as pessoas podem apaixonar-se apesar de tudo. Estar apaixonada, ficar noiva, ter filhos enquanto ele estava na embaixada, foi um ato de rebelião”, acrescenta.