Apesar do “inexcedível civismo” dos portugueses e apesar de terem cumprido “de forma praticamente exemplar” as recomendações durante o período da Páscoa, houve até agora 126 detenções por desobediência, segundo anunciou o ministro da Administração Interna.

Com a opção de passar a Páscoa em casa, de contactar com familiares por via digital e por telefone , [os portugueses] contribuíram para que a fase de mitigação tenha uma evolução para a qual os dados que são diariamente divulgados pela DGS apontam e que têm, aliás, contribuído para uma avaliação muito meritória no plano internacional daquela que é a forma como Portugal e os portugueses têm aplicado as recomendações que visam limitar o impacto desta pandemia”, disse Eduardo Cabrita.

Das 126 detenções por desobediência, 28 foram por violação de obrigação de confinamento – os casos que o ministro qualifica como “mais graves” –, 59 por violação do dever geral de recolhimento, oito por tentativa de violação das regras de limitação de passagem entre concelhos, no período de Páscoa, 11 por manutenção aberta de estabelecimentos, sete por resistência às autoridades e 13 por violação das regras próprias da cerca sanitária de Ovar.

Eduardo Cabrita, que falava no fim da sétima reunião da estrutura de monitorização do estado de emergência,  deu uma “palavra de particular agradecimento” a todas as forças de segurança que estiveram a trabalhar durante este período e anunciou que há 163 elementos da PSP e da GNR que “se encontram neste momento doentes, afetados pelo coronavírus”.

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Já foram repatriados cerca de 4 mil portugueses. Controlo de fronteira com Espanha até 15 de maio

Cerca de 4 mil portugueses já foram repatriados e já voltaram a Portugal “num contexto que não é fácil”, adiantou Eduardo Cabrita, destacando “sobretudo estes últimos casos” que vieram de “países mais remotos” e onde “parte significativa dos aeroportos não estão operacionais”.

O ministro da Administração Interna adiantou ainda que os controlos de fronteira com Espanha e a limitação a nove pontos de passagem exclusivos vão manter-se por mais um mês: até 15 de maio.

Eduardo Cabrita disse que “o Governo está inteiramente em sintonia com a posição expressa pelo Presidente da República, no sentido de que o estado de emergência deverá ser prorrogado num terceiro período: a partir do próximo dia 17, indo até ao início do mês de maio”.

Teremos de encontrar a forma de retomar gradualmente, com segurança, formas que permitam reativar algumas áreas da atividade económica – tal exigirá a manutenção de todo o esforço de distanciamento social, de proteção de grupos mais vulneráveis. Só assim será possível consolidar os resultados que temos vindo a obter de forma a que não se deixe tudo a perder”, disse o ministro da Administração Interna.

Questionado sobre os vídeos que circulam de iniciativas religiosas – nomeadamente a celebração do “beijar da cruz” – em que não foram cumpridas as regras da DGS, o ministro lembrou que não se tratam de cerimónias religiosas, mas de “iniciativas de cidadãos”. Ainda assim, Eduardo Cabrita confirmou que há três casos referenciados pela GNR : um ocorrido em Barcelos e outros em lares. “Essas situações estão identificadas, as pessoas estão identificadas e serão alvo dos procedimentos legais aplicáveis“, disse.

Lares promovem “beijar da cruz” entre idosos apesar da suspensão decretada pela Igreja