Os passageiros interilhas nos Açores deverão começar a fazer quarentena obrigatória, devido à covid-19, a partir de quarta-feira e a Autoridade de Saúde Regional está a estudar a possibilidade de providenciar alojamento em unidades hoteleiras nos casos necessários.

“A partir de amanhã [quarta-feira], já com mais de 24 horas de informação e de comunicação, presumo que já tenhamos condições para começar a efetivar esses períodos de quarentena interilhas”, revelou esta terça-feira o responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional, Tiago Lopes, em Angra do Heroísmo, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto de covid-19 nos Açores.

Os passageiros que chegam de Lisboa às ilhas Terceira e São Miguel (as únicas duas com ligações ao exterior do arquipélago) já são obrigados a ficar em confinamento numa unidade hoteleira, com custos assegurados pelo Governo Regional.

Desde o dia 19 de março, que a companhia aérea açoriana Sata Air Açores (a única que efetua ligações interilhas) só transporta passageiros que tenham autorização da Autoridade de Saúde Regional.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O anúncio do alargamento da quarentena obrigatória aos passageiros interilhas foi feito esta segunda-feira, mas a medida só deverá ser implementada na quarta-feira.

Questionado sobre a disponibilização de unidades hoteleiras para que os passageiros possam fazer o período de quarentena sem custos acrescidos, Tiago Lopes disse que a situação será avaliada “consoante cada um dos casos”.

O responsável da Autoridade de Saúde Regional ressalvou que serão poucos os casos de pessoas obrigadas a ficar de quarentena fora da sua ilha de residência, já que as deslocações por motivos médicos estão isentas dessa medida à ida.

“Não serão muitos os casos de deslocação interilhas por motivos não médicos ou dentro daqueles que excecionámos. De qualquer das formas, a acontecerem, teremos depois também essa capacidade para providenciarmos se necessário alojamento para poderem cumprir esse período de quarentena”, apontou.

Esses passageiros terão, ainda assim, de ficar 14 dias em isolamento no regresso a casa, por uma questão de “excesso de zelo”, segundo o também diretor regional da Saúde.

Nas situações de escala numa ilha, com necessidade de pernoita, também não será exigida quarentena, mas no caso de essa escala ser feita na ilha de São Miguel, onde estão identificadas cadeias de transmissão local ativas, o passageiro terá de ser sujeito a um teste à covid-19 antes de embarcar para a ilha de destino.

Segundo Tiago Lopes, a Autoridade de Saúde Regional está “em articulação” com a companhia aérea açoriana Sata, para tentar alterar, a pedido dos utentes, o circuito dos voos, evitando ao máximo situações de escala com pernoita.

Foram já confirmados 101 casos de covid-19 nos Açores, 87 dos quais estão ativos, depois de terem ocorrido 10 recuperações (cinco na Terceira, quatro em São Miguel e uma em São Jorge) e quatro mortes (em São Miguel).

A ilha de São Miguel é a que registou mais casos até ao momento (64), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (quatro).

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou quase dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 567 mortos, mais 32 do que na segunda-feira (+6,%), e 17.448 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 514 (+3%).