Uma média de quatro idosos por dia, a maioria mulheres, foram vítimas de crime de violência em 2019 tendo como autores os filhos ou os cônjuges, segundo as estatísticas anuais da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) na segunda-feira divulgadas. Em relação a crianças que chegam diariamente à APAV, a média é a mesma.

O Relatório Anual da APAV referente a 2019 revela que 1.350 idosos foram vítimas de violência, o que em média corresponde a quatro casos por dia ou 28 por semana.

A maioria das vítimas são mulheres (78 por cento) com uma média de idades de 75 anos, tendo a APAV registado que em 31,5 por cento dos casos a violência foi exercida pelos filhos e em 23,4 por cento pelo cônjuge.

Comparando com os últimos anos, a estatística de 2019 aponta para um aumento do número de crimes contra idosos. Em 2017 os dados da APAV revelavam que 944 idosos tinham sido vítimas de crimes, o equivalente a 18 por semana ou a três por dia, um valor equivalente ao registado em 2018 com o registo de 926 vítimas.

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Já em relação às crianças, o relatório aponta para um total de 1.467 crianças vítimas de crime em 2019, mais 532 do que em 2018.

Do total de crianças vítimas de crime 153 tinham entre os 0 e os 3 anos, 109 entre os 4 e os 5 anos, 374 entre os 6 e os 10 anos e 831 entre os 11 e os 17 anos.

As estatísticas da APAV revelam ainda que entre os crimes contra crianças reportados à associação destacam-se a pornografia de menores (699), o abuso sexual de crianças com idade inferior a 14 anos (305) e os crimes de violação (187) .

Relativamente ao perfil das vítimas, os dados da APAV revelam que 61,9 por cento são do sexo feminino com média de idades de 11 anos e que em 27,3 por cento dos casos o autor do crime é pai ou mãe.

A APAV divulga anualmente os seus dados estatísticos tendo como base uma recolha da informação mais depurada e registou 54.403 atendimentos que permitiram, em 2019, acompanhar mais de 11 mil vítimas.

A APAV comemora este ano 30 anos de existência, tendo prestado apoio, desde 1990, a mais de 330.000 mil pessoas.

Em termos globais, e tendo como base uma recolha da informação mais depurada, a APAV registou em 2019 um total de 54.403 atendimentos que permitiram acompanhar mais de 11 mil vítimas.

O total de crimes e outras formas de violência assinalados ultrapassou em 2019 a faixa dos 29 mil, tendo-se registado um aumento de cerca de 40% do total face a 2018. A maioria dos crimes assinalados diz respeito aos crimes contra as pessoas (95,9%), com especial relevo para os crimes de violência doméstica (79%). A associação realça também os crimes contra o património que, em 2019, representaram 1,8 por cento do total assinalado pela APAV.

Os Órgãos de Polícia Criminal (19,6%), bem como os amigos/conhecidos e vizinhos (14,8%) continuam a ser os principais canais de acesso à APAV, para além da própria vítima.

As zonas do país onde houve mais vítimas apoiadas foram Cascais (465), Braga (463), Porto (379), Sintra (316), Lisboa (305), Oeiras (259) e Vila Nova de Gaia (262).