Rui Rio escreveu aos militantes do PSD a dizer que “não é patriótico” atacar o Governo nesta fase e aconselha que “resistam à tentação” desses ataques. Mas a posição está longe de ser unânime à direita e é até difícil de acompanhar pelos membros da sua direção no partido. David Justino, seu vice-presidente, não resistiu e à TSF criticou a”sobreocupação do espaço mediático” pelo primeiro-ministro.

Rio explica “colaboração” a militantes. Criticar Governo em plena pandemia “não é patriótico”

“Esta ocupação de espaço mediático não são as medidas do Governo, aquilo que não me importo de não ser patriótico é denunciar esta sobreocupação do espaço mediático por parte do primeiro-ministro”, disse o vice-presidente do PSD. David Justino referia-se, no programa Almoços Grátis, às “sete entrevistas, mais três conferências de imprensa” dadas por António Costa nos últimos dias e acusava o primeiro-ministro de avisar os jornalistas quando vai às compras.

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Mas não só, também pediu “realismo” ao Governo, aqui numa chamada de atenção sobre o conselho que o primeiro-ministro deixou na entrevista que deu ao Observador esta terça-feira sobre as férias de verão. Justino considera que isto não baste  que é preciso um plano, já que “a ajuda europeia não vai dar para tudo”. Daí a umas horas, na rede social Twitter, o social-democrata partilhou a notícia da TSF com as suas declarações e também com a advertência, citando a expressão da carta de Rio aos militantes. “Claro que sou patriota, mas não abdico do escrutínio democrático, nem Rui Rio gostaria que eu o fizesse”.

Certo é que na TSF tinha dito que não se importava de ser patriótico para denunciar a exposição mediática de Costa. Entretanto, à porta do Infarmed, depois da reunião semanal como os epidemiologistas, o líder do CDS mandava um recado ao PSD de Rui Rio. O mesmo que votou contra a proposta do CDS sobre a inclusão dos sócios-gerentes nos apoios para as empresas em lay-off e que “agora se prepara para apresentar proposta idêntica” no Parlamento. Francisco Rodrigues dos Santos referia-se mesmo aos que “agora pedem patriotismo” e rematava o assunto: “Quando se veste o de estadista não se pode esquecer da gravata no armário”.

Depois, no mesmo palco, também o deputado do Iniciativa Liberal dizia discordar que “criticar o Governo seja antipatriótico”, deixando “um apelo a todos para que exerçam o seu sentido crítico. A união não se pode confundir com subserviência ou unanimismo artificial”, afirmou. E antes de todos já o deputado do Chega, André Ventura, tinha escrito no facebook que o PSD como líder da oposição foi coisa que “chegou ao fim”, partilhando a notícia que dava conta do conteúdo da carta de Rio aos militantes do PSD. Para Ventura, o “dever nacional e patriótico” é a oposição ao Governo, por isso disse que agora assume “a liderança da oposição ao Governo, visto que os demais abdicaram da confiança e do mandato que o povo português neles depositou”.

Ao fim do dia, no Twitter, Rui Rio ainda foi comentar uma publicação de João Cotrim Figueiredo que voltava nesta rede social a criticar o PSD. “Para o Iniciativa Liberal, ao contrário de Rui Rio, criticar o Governo não é falta de patriotismo”. Comentário do líder do PSD: “O Rui Rio não disse nada disso”. Mas não explicava mais, nem mesmo na sua página oficial onde é recorrente partilhar opiniões.