A União Africana (UA) anunciou esta quinta-feira o lançamento de uma campanha para atingir um milhão de testes ao novo coronavírus no continente, onde 910 pessoas morreram e mais de 17 mil foram infetadas por Covid-19.

“Há uma grande falha de testes no continente e queremos distribuir na próxima semana ou semana e meia mais de um milhão de testes para ajudar os países a aumentarem a sua capacidade para testar e identificar as pessoas infetadas”, anunciou o diretor do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (Africa CDC), John Nkengasong.

O diretor da agência da União Africana para a saúde falava esta quinta-feira, em Adis Abeba, no encontro semanal com a comunicação social.

O responsável do Africa CDC explicou que a disponibilização dos testes pela União Africana visa dar um sinal e sensibilizar outros parceiros públicos e privados para a necessidade de aumentar “agressivamente” a capacidade dos países para identificar e monitorizar as pessoas infetadas.

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“Nos próximos três ou seis meses, provavelmente necessitaremos de 50 milhões de testes para o continente, mas uma caminhada de 100 quilómetros começa com o primeiro metro”, afirmou, adiantando que a capacidade de testagem é ainda muito baixa.

Como exemplos apontou a África do Sul, que com uma agressiva campanha de testagem, conseguiu apenas fazer 8.000 mil testes desde o início da pandemia, a Etiópia, que fez apenas 5.000 testes, ou a Nigéria, que com 200 milhões de habitantes, registou 6.000 testes realizados.

“Se conseguirmos aumentar os testes para um milhão será um aumento significativo, mas requer um esforço concertado”, reforçou.

No encontro com jornalistas, John Nkengasong fez ainda o ponto de situação da evolução da pandemia no continente, adiantando que o número de mortes por Covid-19 subiu esta quinta-feira para 910 num universo de 17.212 infeções registadas em 52 países. O número de doentes recuperados é agora de 3.546.

O diretor do África CDC assinalou que, numa semana, o número de infeções no continente registou um aumento de quase 50% e que a taxa média de letalidade da doença se situa nos 6%. África do Sul, Egito, Argélia, Marrocos e Camarões são os países com mais casos registados da doença.

Sobre a capacidade de resposta médica, apontou que a África do Sul é o país com mais ventiladores (1.500), sendo que em 10 países não existe um único destes aparelhos.

Segundo John Nkengasong, estes países vão receber esses equipamentos através das doações da Fundação Jack Ma, do empresário chinês dono do gigante do comércio eletrónico Alibaba, cujo segundo carregamento de equipamentos médicos está a ser atualmente distribuído pelos países.

O Egito concentra o maior número de camas hospitalares para cuidados intensivos (10.300).

A nível global, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 133 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 436 mil doentes foram considerados curados.