A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou esta quinta-feira que estão reunidas as condições para que Ovar deixe de ser uma situação de exceção, podendo o concelho deixar de estar sujeito à cerca sanitária imposta há um mês. A confirmação vem na sequência daquilo que o presidente da autarquia, Salvador Malheiro, já havia divulgado através das redes sociais.

A avaliação ainda está a ser feita, mas a decisão está prevista para “dia 18 ou dia 19” — ou seja, o próximo fim de semana. “Mas não quero dizer nenhuma inconfidência“, acrescentou Graça Freitas.

“Ovar é um bom exemplo. Foi alvo de medidas proporcionais e extraordinárias. Entretanto, felizmente a evolução da situação em Ovar indica que já não é uma situação especial. Ovar tem características da epidemia semelhantes a outras zonas do país“, explicou a diretora-geral da Saúde.

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Regresso à normalidade? Voltaremos a um “mundo com Covid”

O regresso à vida normal depois de ultrapassado o pico da pandemia em Portugal terá de ser feito com a noção de que se voltará a um “mundo com Covid“, disse também Graça Freitas, na conferência de imprensa diária sobre a evolução do surto epidémico no país. “Temos de equilibrar o retorno à atividade normal num mundo com Covid. Não podemos recuar a 30 de dezembro de 2019. Vamos ter de compatibilizar uma nova forma de estar na vida“, afirmou a diretora-geral da Saúde.

Um primeiro passo no longo caminho rumo a este regresso à normalidade possível é o aligeirar da linguagem no decreto proposto por Marcelo Rebelo de Sousa para o prolongamento, por mais duas semanas, do estado de emergência em Portugal.

Boletim DGS: 750 novos casos, mais 30 mortes e 90 casos recuperados

Na mesma conferência de imprensa desta quinta-feira, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, assegurou que este decreto do Presidente da República “vai ao encontro” do “discurso sempre cauteloso” das autoridades de saúde.

“O regresso à atividade mais normal não é incompatível com aquilo que é a manutenção da contenção social e das medidas que temos tomado ao longo deste tempo. Isto é um surto global, com grande dinamismo, e temos tomado medidas de acordo com a proporcionalidade do surto. Pensamos que o decreto do Presidente da República vai ao encontro das diferentes medidas que temos vindo a tomar“, afirmou Lacerda Sales.

“Temos de aprender a viver com o vírus, com a consciência de que a única vacina de que dispomos no momento é o distanciamento social. Regresso à normalidade terá de ser feito gradualmente, respeitando orientações técnicas internacionais. Só assim garantiremos que o SNS se vai adaptando“, acrescentou o secretário de Estado, revelando que esta quinta-feira a DGS vai publicar um “manual para ajudar as famílias, com dicas importantes sobre situações de violência, risco e segurança online”.

Durante esta terceira quinzena em que o estado de emergência estará em vigor, assinala-se o 25 de Abril, que será comemorado com uma cerimónia na Assembleia da República com precauções redobradas — mas cuja realização não é unânime. Questionada sobre a cerimónia, Graça Freitas disse não se querer pronunciar sobre a decisão de a realizar.

“Mas está em vigor a regra geral do distanciamento social, portanto creio que serão observadas as recomendações sobre o distanciamento social”, acrescentou a diretora-geral da Saúde.

Já há 2.131 profissionais de saúde infetados

Durante a conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde anunciou ainda que, de acordo com os números do SINAVE (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica), 2.131 casos de profissionais de saúde infetados, sendo 396 médicos, 566 enfermeiros e os restantes 1.169 assistentes e outros técnicos.

António Lacerda Sales revelou também que a linha SNS24 está a receber “9.500 chamadas diárias, a larga maioria atendida por operador” — e lembrou que a linha não é exclusiva para a Covid-19 e que “pode e deve ser utilizada em caso de dúvida relativamente a outras patologias”.

Relativamente às encomendas de material de proteção individual para profissionais de saúde e de segurança, Portugal recebeu esta semana “900 mil respiradores FFP2 e FFP3 e 6 milhões de máscaras cirúrgicas”, disse Lacerda Sales.

O governante confirmou ainda que Portugal mantém a capacidade para realizar 11 mil testes à Covid-19 por dia, dos quais 7 mil são no público e 4 mil no privado. Até agora, já foram realizados 208.738 no país. “De uma forma global estamos, como os números bem evidenciam, a reforçar, e muito, a nossa capacidade de testagem.”