O Presidente dos Estados Unidos voltou a criticar a China, na sexta-feira, ao afirmar que o número de mortos causados pela covid-19 era “bem mais elevado” do que o indicado pelas autoridades chinesas.

A China, que reviu em alta o número das vítimas mortais, negou qualquer dissimulação, numa altura em que o balanço mundial da pandemia ultrapassa os 153 mil mortos.

“A China anunciou o dobro do número de mortos causados pelo Inimigo Invisível. É muito mais elevado do que isso e muito mais elevado do que o dos Estados Unidos!”, escreveu Donald Trump na rede social Twitter.

Mais tarde, na conferência de imprensa diária, Trump afirmou que, além da revisão dos números da cidade chinesa de Wuhan, centro do surto do novo coronavírus em dezembro passado, os números para toda a China deviam ser muito mais elevados.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A administração norte-americana tem acusado, nas últimas semanas, o regime chinês de “ter dissimulado” a gravidade da epidemia da covid-19, doença identificada no final de 2019, em Wuhan, no centro da China.

“Nunca houve qualquer dissimulação e nunca autorizaremos qualquer dissimulação”, garantiu um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Zhao Lijian reconheceu “atrasos e omissões” no registo das vítimas mortais da covid-19, considerando que as autoridades chinesas tiveram uma “resposta irrepreensível” à crise sanitária no país.

Na sexta-feira, as autoridades chinesas anunciaram que mais 1.290 pessoas morreram em Wuhan, o que eleva o número total de óbitos locais para 3.869. Com esta atualização, o número de vítimas mortais na China subiu para 4.632.

Estes casos não tinham sido ainda contabilizados nas estatísticas oficiais porque, no auge da epidemia na cidade, alguns pacientes morreram em casa, sem terem sido atendidos nos hospitais, então sobrelotados, afirmaram.

Os números oficiais só incluíam, até aqui, mortos nos hospitais, indicaram, na nota difundida nas redes sociais.

Em quase todos os países europeus e nos Estados Unidos, a taxa de letalidade é superior a 10%, quase o dobro do registado pela China, mesmo com esta atualização das autoridades de Wuhan.

19 mil milhões de dólares para apoiar agricultura

Os agricultores dos Estados Unidos, afetados pela pandemia, vão ter um plano de ajuda, de 19 mil milhões de dólares (17,5 mil milhões de euros), anunciou também esta sexta-feira o Presidente norte-americano.

“Vamos criar um programa de ajuda de 19 mil milhões de dólares [17,5 mil milhões de euros] para os nossos maravilhosos agricultores e criadores de gado que tenham de enfrentar as repercussões da pandemia mundial”, declarou Donald Trump, durante a conferência de imprensa diária consagrada à situação da pandemia.

O secretário da Agricultura norte-americano, Sonny Perdue, especificou que 16 mil milhões de dólares (14,7 mil milhões de euros) vão diretamente para os agricultores e três mil milhões (2,7 mil milhões de euros) vão ser aplicados na aquisição de produtos alimentares para distribuir aos mais desfavorecidos.

Os agricultores são um dos pilares do apoio ao multimilionário, que se prepara para disputar um segundo mandato.

Ao desencadear uma guerra comercial com a China, Trump mergulhou parte da agricultura norte-americana em crise.

Em consequência, o Presidente norte-americano fez pagar aos agricultores 28 mil milhões de dólares (25,7 mil milhões de euros) em compensações pelos prejuízos resultantes da perda do mercado chinês.