O Novo Banco está a demorar, em média, 21 dias para atribuir a linha de crédito de apoio às empresas no valor de 400 milhões de euros, disse António Ramalho, presidente executivo do Novo Banco, à Rádio Observador.

Segundo o CEO do banco, desta linha, o Novo Banco concedeu 191 milhões de euros a 371 clientes. “quer para as necessidades de fundo de maneio quer para necessidades de tesouraria”, o que representa uma quota de 48,6% da totalidade da linha. Das linhas adicionais entretanto lançadas, nomeadamente a nível setorial, “o banco levava uma quota de 26% na sexta-feira passada, o que correspondia a mais 138 milhões de aprovações correspondentes a 456 outros clientes”. Nestes casos, a procura está a ser “muito significativa”.

“O aumento do crédito vencido é inevitável”. A entrevista ao presidente executivo do Novo Banco

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Questionado sobre as críticas de António Saraiva, presidente da Confederação do Comércio, que apontou os atrasos na atribuição das linhas de crédito, António Ramalho disse que o tempo de espera foi reduzido face a outras linhas, pré-Covid, em vigor no ano passado. “Fez-se um conjunto de alterações significativas, o que permitiu que o prazo tenha sido reduzido na primeira das linhas para 20 dias, na segunda das linha para 16 dias — 15 dias para a assinatura do contrato e se o contrato for assinado, no caso do Novo Banco, o dinheiro é disponibilizado no dia seguinte”, disse.

Se pensarmos nas situações específicas durante esta crise, nesta fase inicial de liquidez, seria errado e presunçoso tentar dar a ideia de que tudo estava preparado para uma situação como esta. Não estava nos hospitais, nem nos serviços de segurança e nos sistemas de financiamento da economia. Houve um ajustamento muito rápido”, garante.

Novo banco concedeu moratórias a mais de 5 mil empresas e mais de 24 mil famílias

Quanto às moratórias aplicadas às empresas, António Ramalho anunciou que foram concedidas a 2.010 médias empresas e a 3261 pequenas empresas.

No caso dos consumidores particulares, “iniciámos pela moratórias legais [definidas pelo Governo] e nessas temos 13.977 e nas voluntárias [definidas pelo banco] 8.839, dado que só iniciámos o processo na quarta-feira. E 1.490 ao consumo neste processo voluntário”, revelou. Ao todo, são mais de 24 mil moratórias atribuídas.

Segundo António Ramalho, as moratórias estão a ser atribuídas no prazo de 48 horas: apenas 388 não cumpriram este prazo. As moratórias a particulares representam “8% a 9% da carteira” de crédito, disse, acrescentando que “37% das moratórias legais, que têm a opção entre moratória de capital e de capital e juros, foram pedidas apenas para capital. As famílias preferiram continuar a pagar juros dos seus empréstimos”.

Malparado a subir? Ainda não, mas é “inevitável”

Até ao momento o Novo Banco não notou um aumento do incumprimento dos pagamentos dos créditos. “Neste momento não tivemos qualquer crescimento do malparado acima de 30 dias”, garantiu o CEO. Mas não descarta a possibilidade de que o contrário venha a acontecer.

“Esta é a quarta crise, e todas têm sido diferentes, com a qual vou conviver. Esta, pelas caraterísticas que tem, leva-me a ponderar que o nível de créditos vencidos são inevitáveis e acabarão por crescer alguma coisa. Se alguém esta a estimar que os bancos possam ter resultados positivos no final do ano é alguém muito otimista”, concluiu.