Os muçulmanos começam o Ramadão a partir de sexta-feira, um período de jejum e de maior dedicação à espiritualidade, mas em Portugal este momento será feito com as mesquitas fechadas pelo menos até 2 de maio devido à pandemia.

Em declarações à agência Lusa, o imã da Mesquita de Lisboa, xeque David Munir, explicou que a decisão já está tomada há algum tempo e que o retorno à oração nos espaços de culto nos formatos habituais ainda está por decidir.

“Pelo menos até 2 de maio a decisão é esta. Iniciamos o Ramadão, que decorre até 24 de maio, com as mesquitas fechadas”, disse, referindo que aguarda orientações do Governo para decisões posteriores à data definida. Mesmo quando houver a possibilidade de reabertura das mesquitas, adiantou, o número de fiéis presentes terá de ser menor do que o habitual e “com certeza” com o uso de máscaras.

Vamos ver o que o governo decide e vamos ajustar”, frisou David Munir, no dia em que o primeiro-ministro se reuniu com o cardeal-patriarca de Lisboa, num encontro em que António Costa elogiou o exemplo da Igreja Católica durante o estado de emergência, apontando ao regresso gradual das celebrações religiosas em maio.

António Costa reuniu-se esta segunda-feira com o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Clemente, para debater o levantamento das restrições às celebrações religiosas face à pandemia de Covid-19.

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Deveremos, a partir de maio, começar a encontrar um maior ponto de normalidade, nas celebrações religiosas, tendo em conta a previsão que temos”, disse o primeiro-ministro, salientando que, além da Igreja Católica, irá falar com outras confissões religiosas, designadamente com os muçulmanos, que entrarão em breve no período do Ramadão.

O Ramadão é o mês sagrado para os muçulmanos porque foi durante este período que o profeta Maomé recebeu as primeiras revelações do Alcorão. O jejum é um dos pilares do Islão e é obrigatório. Todos os muçulmanos adultos e saudáveis devem fazê-lo, mas crianças doentes e idosos estão isentos.

Mas este ano, o início deste momento importante para os muçulmanos, será feito com as mesquitas fechadas e segundo David Munir também não será servido na mesquita de Lisboa o quebra de jejum nem o racho para as pessoas carenciadas.

Não vamos fazer nada na mesquita. Isto foi definido há duas semanas”, frisou, acrescentando que o culto e a catequese são agora realizados através das redes sociais tal como acontece com outras confissões religiosas.

A nível global, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 164 mil mortos e infetou mais de 2,3 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 525 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 735 pessoas das 20.863 registadas como infetadas.

O decreto presidencial que prolonga até 02 de maio o estado de emergência iniciado em 19 de março prevê a possibilidade de uma “abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais”.