Nunca foi uma relação fácil, aquela que os duques de Sussex mantiveram com a imprensa britânica, pelo menos até ao seu afastamento da linha da frente das funções desempenhadas pela família real britânica. E se os dois últimos e conturbados anos envolveram até processos judiciais movidos pelo príncipe, o site lançado pelo casal por ocasião do famigerado Megxit deixava já antever um desejo de mudança no vínculo com os jornais, e uma eventual revisão do histórico sistema royal rota. Chegados a abril de 2020, e com uma nova fundação lançada, Archewell, torna-se agora oficial parte dessa rutura pré-anunciada: foi através de uma dura carta endereçada na noite de domingo aos responsáveis de quatro tabloides britânicos que Harry e Meghan Markle comunicaram a indisponibilidade para colaborar com aqueles títulos daqui por diante.

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The Daily Mail, The Sun, The Daily Express e The Daily Mirror e respetivas edições especiais de domingo são os títulos afetados pela decisão dos duques, que se manifestaram via email, detalhando os motivos deste corte. A versão integral da carta pode ser lida em jornais em causa, como o The Daily Mail.

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“Não haverá corroboração nem qualquer ligação”, informaram Harry e Meghan aos jornais, aceitando que “a imprensa tem todo o direito de escrever sobre o duque e duquesa de Sussex, seja bom ou mau. Mas isso não pode ser baseado na mentira”.  Os autores do documento frisam ainda que esta “não é uma política para evitar críticas”, adiantando que “não se trata de extinguir a discussão pública ou de censurar qualquer trabalho rigoroso”.

“É bastante preocupante que uma fatia influente dos media, ao longo de vários anos, tem conseguido escapar-se da responsabilidade pelo que dizem ou escrevem — mesmo quando sabem que é distorcido, falso ou invasivo para lá do razoável”, lê-se na carta dos Sussex, que defendem que “há um enorme custo humano associado a esta forma de fazer negócio  que afeta toda a sociedade”.

Os Sussex despedem-se com um aviso: “Não nos iremos oferecer como moeda numa economia de caça aos cliques e distorção”, reafirmando a intenção de cooperarem com “pequenas organizações de media regionais e locais, e com jovens e aspirantes a jornalistas”.

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Não é certa a extensão deste bloqueio, nem as implicações totais, mas admite-se que depois desta tomada de posição, os quatro jornais em questão, habituados a seguir todos os passos da família real britânica, possam deixar de receber atualizações relevantes sobre a agenda dos duques bem como fotos oficiais, podendo ainda, especula-se, ser afastados de conferências de imprensa e outros eventos.