Morreu aos 82 anos o fotógrafo norte-americano Peter Beard, conhecido pelas imagens da vida selvagem africana, captadas sobretudo nas décadas de 60 e 70 do século passado. O corpo de Beard foi encontrado em Camp Hero State Park, zona de mato denso em Montauk, no estado de Nova Iorque, três semanas depois de ter sido dado como desaparecido. O incidente terá resultado do estado de demência em que já se encontrava.

A carreira de Peter Beard descolou nos anos 60. Durante essa década e na seguinte, grande parte do seu trabalho foi desenvolvido em Hog Ranch, uma propriedade com mais de 18 hectares no Quénia. Muito antes de a interferência humana nos habitats naturais das espécies selvagens serem uma preocupação generalizada da sociedade ocidental, as suas fotografias de elefantes, girafas, leões e crocodilos foram as primeiras chamadas de atenção para o perigo que a vida selvagem iria correr naquele continente.

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© Ron Galella Collection via Getty Images

Em 1963 publica o primeiro livro — The End of the Game (O Fim do Jogo) –, um olhar sobre a caça feroz aos elefantes que moldou o futuro desta espécie. Tinha sede de aventura e a proximidade destes animais fê-lo correr perigo de vida em 1996, ao ser atacado por um elefante em estado selvagem, que lhe perfurou uma perna.

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O The Guardian chama-lhe o “fotógrafo playboy“. Peter começou cedo a mover-se dentro da elite nova-iorquina. Presença assídua no mítico Studio 54, conviveu de perto com Andy Warhol, Truman Capote, Grace Jones, Francis Bacon, Salvador Dalí e com os Rolling Stones. Apareceu frequentemente em público com a manequim Cheryl Rae Tiegs, com quem acabou por casar em 1982, com membros da família Kennedy e com a atriz Lauren Hutton. Era atualmente casado com Nejma Khanum, a sua terceira mulher.

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Nas redes sociais, foram muitos os que recordaram a vida e a obra de Peter Beard, entre eles a supermodelo Naomi Campbell. “Foste um visionário em muitos sentidos e a tua energia era sempre eletrizante e motivadora […] Obrigado por teres partilhado connosco a beleza de África”, escreveu.

Iman, ícone do mundo da moda descoberto por Beard, também partilhou algumas palavras. “Conheci o Peter em Nairobi, em 1975. Quis o destino que permanecêssemos sempre entrelaçados. Ele descobriu-me, fotografou-me e moldou-me quando eu nunca tinha sido fotografada, quando não sabia o que era ser modelo, quando não sabia o que era uma revista de moda”, partilhou.

Peter na sua propriedade no Quénia, em 2014 © Peter Beard

“Estamos todos destroçados com a confirmação da morte do nosso querido Peter. Era um homem extraordinário e teve uma vida excecional. Viveu a vida ao máximo; espremeu cada dia até à última gosta”, afirmou agora a família em comunicado. “A sua acuidade visual e o entendimento que tinha do ambiente natural foram reforçados pelas longas estadias na selva e pelos seres selvagens que amava e defendia. Ele morreu onde morava: na natureza”, pode ler-se.