Acusado de crimes de branqueamento de capitais no valor total de 20 milhões de euros, Sandro Rosell, antigo presidente do Barcelona, esteve 643 dias preso preventivamente, naquele que foi o maior período de sempre em prisão preventiva no país tratando-se de um crime económico. Quase dois anos depois, onde esteve a maioria do tempo fechado numa cela do Centro Penitenciário de Soto del Real, a cerca de 40 quilómetros de Madrid, antes de ir para Can Brians, em Sant Esteve Sesrovires (Barcelona), foi absolvido. Um ano depois desse momento, deu a primeira grande entrevista ao Mundo Deportivo.

Caminhadas, ioga, xadrez e Barça na TV. Os 643 dias de Rosell na prisão antes de ser absolvido

Enquanto esteve detido, confinado a um espaço com apenas dez metros quadrados, um beliche ao fundo partilhado com o sócio e amigo Joan Besolí, lavatório e sanita do lado esquerdo, duas mesas com cadeiras à direita e uma pequena janela ao fundo, o empresário ia aproveitando para fazer algumas caminhadas pelo pátio, ioga, jogar xadrez ou seguir os jogos do Barça via rádio e televisão. Mas há mais momentos que guarda desse período da vida, alguns deles confidenciados pela primeira vez nesta entrevista à subdiretora da publicação, Cristina Cubero.

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“O que me recordo do primeiro dia e noite em Soto del Real? Recordo que nos deram quatro preservativos e quatro bolsas de vaselina. Preocupei-me um bocado… Os dias mais duros foram todos aqueles em que o nosso advogado nos vinha dizer que nos tinham negado mais uma vez a liberdade condicional, sempre alegando o risco de fuga, sem uma justificação aparente, 13 vezes… Mas saí mais forte. Na prisão, ou morres internamente como pessoa ou ficas mais forte. O Joan Besolí [gestor, sócio e melhor amigo] foi importantíssimo, fundamental. Sem ele não tinha conseguido aguentar. Ficarei agradecido até ao final da minha vida”, referiu, destacando ainda o papel da mulher, Marta, e do padre Paulino, descrito como “um fora de série”.

A ascensão e queda de Rosell, ex-presidente do Barcelona preso e com família na bancarrota

“Se não tivesse sido presidente do Barcelona, nunca teria ido preso. Disso não tenho a menor dúvida, muito menos acredito que os meus negócios empresariais tivessem sido investigados nem que existisse uma perseguição fiscal tão agressiva. Desde que fui eleito presidente do Barcelona houve 72 atuações da Agência Tributária. Antes, nunca tinha sido alvo de nada. Coincidência?”, aponta Rosell, que dirigiu também o foco para a ação da juíza ao longo do processo e revelando também que Florentino Pérez, líder do Real Madrid, foi seguindo a sua situação.

“Nem um pão posso comprar à minha mulher”. As confissões de Sandro Rosell, ex-presidente do Barça

Sobre o futuro do Barcelona, apesar de se sentir mais querido agora do que era quando ocupava a presidência, referiu apenas que segue “com muito interesse” a antecâmara do próximo ato eleitoral. “A única coisa que desejo é que nenhum candidato represente os interesses mediáticos e económicos que sempre quiseram controlar o clube e ganhar dinheiro à sua custa, como aconteceu no passado”, destacou o líder que contratou Neymar e que a única coisa que mudaria era fazer mais cláusulas de objetivos desportivos, sociais e de comportamento no contrato.