O Sindicato dos Jornalistas (SJ) aconselhou esta segunda-feira os profissionais abrangidos pelo lay-off na Global Media, detentora de títulos como Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN) e a rádio TSF, a apresentarem-se ao trabalho.

Num comunicado, o Sindicato dos Jornalistas refere que aconselhou os seus associados nos órgãos de informação do Global Media Group (GMG), notificados pela administração “sobre a entrada da empresa em lay-off hoje, a partir das sete da tarde, numa flagrante violação do princípio da dignidade humana, a apresentarem-se ao trabalho amanhã [terça-feira], normalmente, como fariam antes dessa comunicação“.

O sindicato considera “particularmente grave e indigno” que o lay-off de 538 trabalhadores do grupo, esta segunda-feira anunciado, tenha sido formalizado “com apenas umas horas de antecedência” e “sem cumprimento dos trâmites legais”, tendo assim exigido a “suspensão imediata do lay-off [redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho efetuada por iniciativa das empresas, durante um determinado tempo]”.

O SJ já solicitou à administração do GMG – na pessoa do administrador Afonso Camões – a suspensão imediata do lay-off, até adequada e atempada formalização processual”, lê-se.

Segundo o sindicato, a legislação do lay-off prevê que a comunicação dessa decisão “ocorra após a audição dos delegados sindicais”, o que diz não ter acontecido.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Não se verificou qualquer audição, mas uma mera comunicação de um conjunto de medidas que a empresa pretenderia adotar”, refere o comunicado.

O SJ exige ainda à Global Media “o acesso a um conjunto de informações imprescindíveis”, para que o “dever de consulta e audição das estruturas de representação coletiva dos trabalhadores seja efetivo e real”.

Num comunicado interno a que a Lusa teve acesso, a administração do GMG refere que a pandemia da Covid-19 está “a afetar de forma decisiva toda a cadeia de valor do mercado dos media, imediatamente visível na drástica redução das receitas, provocada por uma massiva redução do investimento publicitário e por uma violenta quebra das vendas de jornais e revistas, face ao confinamento generalizado da população”.

Administração da Global Media avança com lay-off para garantir sustentabilidade

A Global Media, também detentora dos jornais O Jogo, Dinheiro Vivo e Açoriano Oriental, acrescenta que a estas dificuldades soma-se “a tardia concretização das anunciadas medidas de apoio do Estado ao setor, e cujo critério de repartição ainda nem sequer foi concertado com os parceiros da indústria, comprometem o natural desenvolvimento” da atividade comercial do GMG, “provocando um conjunto de dificuldades financeiras e de tesouraria”.

O comunicado adianta que o lay-off aplicado à empresa afeta todos, “da base até ao topo do grupo”, e “permite defender” a sua sustentabilidade e os “seus quase 700 postos de trabalho diretos”.

O lay-off abrange 100 trabalhadores da TSF – 96 com uma redução uma redução média de 24,4% do horário laboral e quatro com suspensão do contrato – e 438 nos outros títulos, com 354 a confrontarem-se com uma diminuição média de 26,1% do horário de trabalho e 84 a ficarem com o contrato suspenso.