Depois da paragem forçada para mitigar a proliferação da pandemia, a Alemanha prepara-se agora para reabrir a economia. A Volkswagen acolheu a possibilidade com agrado e abriu hoje duas das suas fábricas, com as restantes a terem a retoma agendada para 27 de Abril.

Uma das instalações fabris que recomeçaram a laborar hoje foi Zwickau, encarregue de produzir para já o ID.3 – a que se dedica desde Novembro de 2019, para começar a entregar no Verão – a que em breve se irão juntar o Seat el-Born, o Audi Q4 e-tron e o ID.4. A marca germânica continua confiante na sua capacidade de comercializar 100.000 unidades do ID.3 até final de 2020, sendo que também promete 30.000 da First Edition na altura do lançamento, automóveis eléctricos de que necessita para cumprir os limites de CO2 impostos por Bruxelas.

A VW (a marca e o grupo que controla) será mesmo uma das poucas empresas do sector que não está a solicitar que a Comissão Europeia relaxe as regras impostas, especialmente porque ela foi a que mais investiu na mobilidade eléctrica. E o CEO da Volkswagen explica as suas razões:

“Nós adaptámo-nos para cumprir as metas de emissões para 2020, pelo que não iremos pedir extensão ou alterações dos objectivos”.

Contudo, nem tudo são rosas para o gigantesco grupo alemão, que tem liderado as vendas mundiais nos últimos anos. Desde o início de 2020 que vários órgãos de informação alemães relatam que a VW estará a lidar com dificuldades em matéria de software para o ID.3. O mais recente foi o Süddeutsche Zeitung, que em finais de Março avançou que os ID.3 continuam a ser fabricados e armazenados nos parques de Zwickau, mas que “o carro está longe de estar pronto para ser vendido”.

A isto o fabricante respondeu que “as funções digitais serão regular e gradualmente instaladas e expandidas nos meses seguintes”, especificando depois que “o software será instalado nos ID.3 durante a produção, que posteriormente serão actualizados para a versão mais recente aquando da entrega aos clientes e também posteriormente, quando esses updates estiverem disponíveis”. Contudo, a Volkswagen AG avança que “as primeiras unidades produzidas do ID.3 serão destinadas aos funcionários da fábrica”, abrindo assim caminho para que os eventuais problemas de juventude do modelo não vão parar às mãos dos clientes exteriores à organização. Esta solução permite ainda que a marca continue a monitorizar mais de perto os primeiros quilómetros percorridos pelo seu primeiro eléctrico da nova vaga, mantendo “em casa” dificuldades que pudessem colocar em causa a imagem da marca.

É provável que parte do problema se prenda com actualizações de software pelo sistema over-the-air, que a Tesla usa desde a primeira hora e sem problemas. Mas a realidade é que os eléctricos, em termos de programação, para além da gestão da energia da bateria, durante a aceleração e a recarga, são um desafio muito maior do que muitos construtores convencionais imaginavam, habituados a produzir veículos com motor a combustão. E quando começarem a introduzir sistemas de ajuda à condução mais sofisticados, todos estes problemas poderão agravar-se.

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