A agência de notação financeira Fitch assinalou esta segunda-feira que, caso os confinamentos associados à Covid-19 continuem para lá do primeiro semestre, poderá baixar ainda mais os “ratings” dos bancos europeus.

“Se se tornar improvável que a crise sanitária seja largamente resolvida na primeira metade deste ano e os confinamentos se tornarem mais extensos, provavelmente os ‘ratings’ serão reduzidos”, pode ler-se numa nota de análise da Fitch ao setor bancário europeu, esta segunda-feira divulgada.

A agência norte-americana aponta que, nesse cenário, “o PIB [Produto Interno Bruto] observaria ainda maiores contrações e a recuperação seria atrasada e mais lenta, resultando num número maior de devedores corporativos e de retalho a sofrer imparidades mais permanentes nos seus risco de crédito”.

A Fitch assinala ainda que a eficácia das medidas de apoio à banca por parte dos Estados na Europa ocidental “vai depender de quão rápidas são implementadas, de quanto tempo demore a crise e da forma que vai ter a recuperação”.

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A Fitch acredita que o financiamento e a liquidez dos bancos irá beneficiar dos programas dos bancos centrais direcionados a providenciar liquidez ao setor, mas” espera “que os custos gerais de financiamento aumentem”, pode também ler-se na nota da agência.

A natureza da crise da Covid-19 “significa que há uma superior probabilidade de revisões em baixa [dos ‘ratings’]”, alerta.

Na banca italiana, a Fitch espera “maiores desafios para os bancos que foram mais lentos a desfazer-se de crédito malparado”, e que a proximidade dos ‘ratings’ dos bancos melhor cotados com o do Estado italiano é uma “sensibilidade” para o perfil de crédito, também pela exposição à economia do país.

Já quanto aos bancos espanhóis, a agência de “rating” assinala que “melhoraram a sua capitalização e reduziram significativamente o seu ‘stock’ de ativos problemáticos, apesar de permanecerem mais altos do que noutros países europeus”.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 537 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram entretanto a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria ou Espanha, a aliviar algumas das medidas.

O “Grande Confinamento” levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.