Um plano de relançamento da economia da União Europeia (UE) não deverá reunir o consenso dos 27 a curto prazo, “talvez” apenas “em junho”, considerou esta quarta-feira a Presidência francesa.

França, primeiro, e Espanha, depois, apresentaram propostas para um plano de recuperação económica e social da UE face às consequências da pandemia associada ao novo coronavírus que pode ascender a 1 bilião ou 1,5 biliões de euros.

Embora a maioria dos países europeus concorde com a necessidade de medidas de apoio, há claras divergências quanto ao montante global, à forma como será financiado e ao processo pelo qual será distribuído pelos Estados-membros. O plano vai estar na agenda da reunião por videoconferência de quinta-feira do Conselho Europeu.

“As discussões vão prolongar-se por várias semanas. Será necessária uma reunião física dos chefes de Estado e de Governo para que fique no papel, talvez em junho”, estimou a Presidência francesa, citada pela AFP, reforçando que espera que isso possa ocorrer “durante o verão”.

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Um acordo precipitado”, de “mínimo denominador comum”, seria “um mau acordo”, pelo que França assegura que “não concordará com um orçamento europeu que não dê resposta à crise” provocada pela quase paralisação das economias imposta para conter os contágios do novo coronavírus.

Paris insiste que as medidas de relançamento não devem passar exclusivamente por empréstimos aos Estados-membros, como defendem alguns países, mas também por transferências de fundos, indispensáveis a uma “dimensão de solidariedade”.

Se o nosso mercado único, o nosso motor, não retomar, a Europa ficará em grandes dificuldades, tanto mais que as oportunidades externas estarão em dificuldade. A solidariedade europeia é do nosso interesse”, sustentou a presidência francesa.

Na falta de um acordo a 27, França não exclui “formatos mais restritos dos instrumentos de solidariedade”, envolvendo apenas alguns países.

Paris considerou por outro lado que a proposta apresentada por Espanha, de um plano de 1,5 biliões financiado por dívida perpétua, “vai no bom sentido”, mas prefere prazos de reembolso da dívida “os mais longos possíveis”.

Surgido em dezembro na China, o vírus SARS-CoV-2 espalhou-se por 193 países e territórios, tendo já infetado mais de 2,5 milhões de pessoas, 178 mil das quais morreram.

A Europa é a região do mundo com mais casos (1,2 milhões) e mais mortes associadas à Covid-19 (mais de 110 mil).