A organização não-governamental (ONG) Médicos sem Fronteiras alertou esta quarta-feira que ficará sem máscaras dentro das próximas semanas, apelando à ONU e aos líderes mundiais para que promovam uma distribuição justa do equipamento de proteção perante a atual pandemia.

“Precisamos de 26 milhões de máscaras para os próximos seis meses, mais de um milhão de máscaras por semana”, disse o diretor-adjunto das operações da Médicos sem Fronteiras (MSF), Kenneth Lavelle, numa conferência de imprensa em Genebra (Suíça).

“Neste momento, temos um stock global para cerca de três ou quatro semanas no máximo“, alertou o representante, lamentando a escassez de equipamentos de proteção individual, bem como o aumento dos preços destes itens.

Kenneth Lavelle explicou que a escassez destes produtos já obrigou a MSF a fazer escolhas difíceis sobre as operações de assistência médica e humanitária que desenvolve em todo o mundo, referindo mesmo que algumas das atividades da organização já foram interrompidas por falta de equipamento de proteção.

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Segundo um comunicado da MSF, divulgado esta quarta-feira, a escassez destes equipamentos de proteção está a dificultar os esforços para conter a propagação da doença Covid-19, bem como a diminuir a capacidade de prestar outros serviços médicos considerados como essenciais, como operações cirúrgicas ou o tratamento do sarampo, da tuberculose e de outras doenças infecciosas.

A escassez global de equipamentos de proteção individual está também a colocar em perigo todos os profissionais de saúde e todas as atividades médicas, reforçou o comunicado da MSF.

“A produção de equipamentos deve ser acelerada e deve existir também uma distribuição mais equitativa“, afirmou em Genebra Kenneth Lavelle, apelando à ONU e aos líderes mundiais, nomeadamente aos dos países mais ricos, para que evitem que os mais vulneráveis fiquem sem estes produtos.

De acordo com a MSF, a grande parte do stock de máscaras está concentrada em países onde é possível cumprir o confinamento, o distanciamento social e as boas práticas de higiene e de saneamento como medidas preventivas.

No entanto, segundo denuncia a organização, estes equipamentos não estão disponíveis em locais como os campos de refugiados na Grécia, onde constituem uma das únicas opções de proteção.

“Os governos precisam de considerar incentivos para aumentar a produção, reduzir impostos e taxas aduaneiras e localizar a produção em ou perto dos países que mais precisam” destes equipamentos, defendeu Kenneth Lavelle.