A reserva nacional de testes para a Covid-19 mantém-se “em mais de um milhão”— que vão sendo distribuídos e, se necessário, reforçados. Isto depois de já terem sido realizados, desde dia 1 de março, 288 mil testes. As contas são do secretário de Estado da Saúde António Sales e foram apresentadas no início do briefing diário de apresentação do boletim.

Na semana de 13 a 19 de abril, Portugal conseguiu uma média de testagem diária de 11.800 testes, um número que tem vindo a aumentar progressivamente ao longo do tempo. Há uma semana, o secretário de Estado da Saúde informava que a média de testes diária era de 10 mil. Mas os números não se ficaram por aqui, com Sales a referir também que o tempo de espera na linha SNS 24 é, neste momento, inferior a um minuto. No início da pandemia, eram muitos os relatos de chamadas não atendidas pela linha.

Novo serviço para surdos “vem equilibrar as desigualdades”

A conferência de imprensa desta quarta-feira contou com a presença de Luís Goes Pinheiro, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), para apresentar um novo serviço na linha SNS24 destinado aos cidadãos surdos. Desde esta terça-feira que seis interpretes de língua gestual portuguesa — entre eles os dois que acompanham os briefings diários — estão a atender chamadas dos cidadãos surdos, via videochamada, 24 horas por dia, 7 dias por semana. O serviço manter-se-á durante o internamento ou vigilância no domicílio, acrescentou ainda António Sales.

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É agora possível aceder ao site do SNS 24 e entrar em conversação por videochamada com um dos intérpretes residentes de língua gestual portuguesa que, depois, entrará em contacto com os enfermeiros da linha. Os intérpretes servem apenas de mediadores. A nova funcionalidade pode também ser usada por hospitais e “vem equilibrar as desigualdades”.

É mais um serviço adicionado à linha SNS24, depois da criação, no início de abril, da linha de apoio desenhada pela Ordem dos Psicólogos e pelo Ministério da Saúde, a qual conta atualmente com cerca de 60 psicólogos credenciados.

Refugiados infetados estão “todos bem de saúde”

Sobre os cerca de 800 estrangeiros que aguardam resposta ao pedido de estatuto de refugiados concentrados em hostels de Lisboa, Graça Freitas afirmou que Portugal é um país de acolhimento e que há entidades que acompanham a DGS. “Num grupo destes refugiados verificaram-se pessoas com sintomas”, disse, referindo-se aos 138 infetados. Estão todos bem de saúde e apresentam uma sintomatologia ligeira, garantiu a Diretora-geral da saúde.

Hostel evacuado em Lisboa. 169 estrangeiros já foram transferidos para base aérea da Ota

“Das 185 pessoas que deveriam estar naquele hostel, estariam 175”, disse referindo-se ao hostel na rua Morais Soares, em Lisboa, onde foram detetados no domingo vários refugiados infetados. As pessoas em falta “estão a ser localizadas”. “Não foram fugas, foram apenas pessoas que se ausentaram para outras instalações onde também estavam refugiados. Neste momento, estão na OTA 138 pessoas que testaram positivo”, disse clarificando que há mais pessoas a serem testadas por terem tido contacto com os cidadãos que estavam instalados no hostel na rua Morais Soares.

Pico no número de casos suspeitos? “Houve enorme aumento da notificação laboratorial”

Graça Freitas aproveitou ainda para responder ao aumento de casos suspeitos no dia 18 de abril. A questão tinha sido levantada na terça-feira depois de um pico de casos suspeitos no anterior boletim. Já esclarecida e munida de mais dados, Graça Freitas explicou que se deveu ao “enorme aumento da notificação laboratorial” que correspondeu um apelo feito pela DGS a todos os laboratórios, os quais dizem respeito às notificações de casos positivos e negativos.

“No dia 18, 80% das notificações que entraram no sistema SINAVE — o sistema de notificação português utilizado para inserir os dados sobre os doentes Covid-19 — eram laboratoriais e destas 40% tinham uma validação de exame prévia à data em que foram incluídas. O mais antigo era mesmo de 20 de março. Aqui acontece um grande movimento de reporte, de notificações que não tinham sido enviada por serem negativas. Verificou-se neste dia a atualização das notificações laboratoriais”, esclareceu.

A Diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, reconheceu ainda que o SINAVE foi “construído para uma situação completamente diferente do ponto de vista do numero de casos diário” o que exige “resiliência” diariamente aos médicos para que possam preencher o relatório, mas não existindo para já outra solução, Graça Freitas pediu aos profissionais de saúde que “façam um esforço, até que a situação seja melhorada”.

Acompanhamento de lares “muito melhor do que inicialmente”

Sobre as situações que tem marcado o impacto da pandemia nos lares de terceira idade no país, Graça Freitas referiu que as autoridades de saúde têm “percorrido o país todo para fazer o levantamento da situação”, e que o acompanhamento das respetivas instituições “está a ser muito melhor do que era inicialmente”. “As autoridades estão a trabalhar em conjunto para encontrar as melhores soluções.”

Já o eventual regresso à normalidade não inclui, para já, decisões sobre a época balnear. Em conferência de imprensa foi garantido que está a ser ponderada a abertura de sectores “importantes para a economia portuguesa”, mas que para a atividade balnear e o turismo ainda não há “cronograma”. “Está a ser estudado e a fazer-se o respetivo planeamento”, garantiu António Sales.

Entre 1 de janeiro e 21 de abril morreram mais 439 pessoas do que a média dos cinco últimos anos

Depois de conhecido o estudo do Centro de Investigação em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública, que dava conta que entre 16 de março (quando Portugal registou a primeira morte por Covid-19) e o dia 14 de abril se registaram mais 1.255 mortes em Portugal do que seria de esperar, Graça Freitas apresentou os dados da mortalidade nos últimos cinco anos, por “todas as causas de morte”, onde se incluem os mortos por Covid-19 nos últimos dias.

A Diretora-geral da Saúde clarificou então que entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano os números de mortos foram inferiores aos dos últimos cinco anos — podendo ser justificado com o inverno ameno e uma baixa atividade gripal — e apontou depois um pico de mortos entre 24 de março e 4 de abril.

“Houve um pico entre 24 de março e 04 de abril. Houve mais mortalidade do que é habitual na linha de base, mas está a ser compensada e a aproximar-se dos valores normais. Estão incluídos os óbitos por Covid”, afirmou Graça Freitas acrescentando que o grupo com 85 ou mais anos é aquele que regista uma maior subida no número de mortos desde o dia 1 de janeiro até 21 de abril “pelo efeito sobretudo do Covid, mas não só”.

Segundo os dados da DGS e do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, nos último cinco anos e em todas as causas e todas as idades: em janeiro houve menos 689 mortes; em fevereiro menos 580 mortes; em março mais 542 mortes e, até dia 21 de abril, mias 1.166.