Diretores de teatros nacionais e da Companhia Nacional de Bailado (CNB) pediram esta quinta-feira, em Lisboa, mais apoios e ações concertadas públicas e privadas para um setor artístico que dizem estar num estado “muito precário”.

Esta posição foi manifestada à agência Lusa após um encontro por via digital na residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, onde os responsáveis se deslocaram esta quinta-feira para apresentar um projeto de celebração do 25 de Abril.

Na sequência de um desafio lançado pelo primeiro-ministro, os diretores artísticos dos Teatros Nacionais de São Carlos, São João e D. Maria II, assim como da CNB, convidaram a Companhia Hotel Europa a criar uma obra documental em vídeo para festejar os 46 anos da Revolução.

O vídeo “Agora Que Não Podemos Estar Juntos”, com testemunhos de pessoas que viveram a ditadura e resistiram ao fascismo, será apresentado no sábado, 25 de Abril, às 15h30, nas diversas plataformas online do Governo, para que os portugueses possam assinalar a data sem sair de casa.

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Devido às restrições de distanciamento social impostas pela pandemia, a proibição de espetáculos e encerramento de espaços culturais, milhares de artistas ficaram sem possibilidade de apresentar o seu trabalho.

São de saudar as medidas do Estado, de mecenas, de associações e de fundações, mas são necessárias mais medidas que passem por financiamento e mudanças profundas na situação atual”, defendeu Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II.

A realidade do setor artístico era muito precária. A pandemia veio agravar tudo, e vai ser demorada a retoma da atividade”, avaliou o dramaturgo.

Na opinião do diretor o D. Maria II, “os artistas devem ter acesso a apoios transversais e setoriais para assegurarem a sua subsistência”.

“Da parte de algumas instituições, honrar os compromissos e pagar aos artistas que não puderam apresentar os seus espetáculos já representou também um apoio”, recordou, ressalvando, no entanto, que não chegam, e apela ao diálogo.

Para a diretora artística da CNB, Sofia Campos, “concertar ações e procurar soluções é o que já se está a fazer, mas é preciso reforçar”.

“A consciência da fragilidade do setor tem de nos obrigar a pensar ir mais longe”, defendeu.

Na mesma linha, a diretora artística do Teatro Nacional de São Carlos, Elisabete Matos, defendeu mais encontros entre os responsáveis da Cultura: “Temos de estar em consonância e encontrar medidas para defender estas pessoas [os artistas e técnicos]. São precisas mais soluções”.

Desde a imposição do isolamento social forçado pela pandemia, o Ministério da Cultura, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Audiogeste, entre outros mecenas e entidades, lançaram apoios financeiros aos quais artistas individuais e entidades artísticas podem candidatar-se a nível nacional.