A PSP e a GNR vão manter ao longo do fim de semana as operações de patrulhamento e fiscalização para garantir o cumprimento das normas do estado de emergência, dando especial atenção aos aglomerados de pessoas e viaturas, nomeadamente junto às praias.

Em conferência de imprensa conjunta sobre o estado de emergência decretado para combater a pandemia de Covid-19, responsáveis da PSP e GNR fizeram um balanço dos resultados operacionais e avançaram com novas operações.

O diretor do departamento de operações da Polícia de Segurança Pública, Luís Elias, indicou que a PSP vai estar “particularmente atenta”, durante o fim de semana, às zonas junto às praias para evitar aglomerados de pessoas.

Luís Elias avançou que, em caso de necessidade, a PSP “não hesitará” em cortar ou condicionar o trânsito, numa ação em articulação com as câmaras municipais.

Os agentes da PSP vão também controlar os principais eixos rodoviários, principalmente as saídas e entradas das cidades, disse, frisando que os polícias vão continuar a “sinalizar e acompanhar” situações de violência doméstica e a darem “particular atenção” aos idosos.

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Sobre violência doméstica, este oficial da PSP disse que foram detidos, durante o estado de emergência, 32 pessoas por este crime, mas as participações à polícia diminuíram em relação ao mesmo período do ano passado.

MAI apela para limitação de deslocações no fim de semana

O ministro da Administração Interna apelou esta sexta-feira para que os portugueses limitem, durante o fim de semana, as deslocações ao necessário e avisou que podem ser encerradas pelas forças de segurança zonas com aglomerados de pessoas.

“Os resultados positivos que têm vindo ser apresentados não nos permitem descansar neste esforço coletivo de contenção. Por isso apelava, para que neste fim de semana, limitemos as deslocações àquelas situações em que são expressamente admitidas”, disse Eduardo Cabrita no final da nona reunião da Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência devido à pandemia de Covid-19.

O ministro avançou que as forças de segurança vão estar empenhadas “naquilo que é o aconselhamento, recomendação e fiscalização do cumprimento das regras próprias do regime estado de emergência”.

A PSP e a GNR começaram estas operações ao fim da tarde desta sexta-feira e vão prolongar-se pelo fim de semana.

“Em articulação com as câmara municipais não deixaremos de encerrar zonas que propiciem uma maior aglomeração de pessoas, designadamente zonas perto do mar e em zonas de lazer”, frisou, acrescentando que “é um esforço adicional” para que a partir do início de maio se inicie “gradualmente e com segurança uma abertura de vários setores” da economia e serviços.

Eduardo Cabrita relembrou também que no primeiro fim de semana de maio, entre 1 e 3, terá de existir “um esforço adicional” através de regras de limitação da circulação entre municípios, idêntico ao que aconteceu na Páscoa.

Na reunião da estrutura de monitorização, as forças de segurança destacaram que se verifica “um generalizado cumprimento e adesão” dos portugueses às regras do estado de emergência, frisou.

O ministro avançou igualmente que desde que foi decretado o terceiro período do estado de emergência, a 18 de abril, a PSP e a GNR detiveram 58 pessoas por desobediência, 23 das quais por violação do dever de confinamento obrigatório, e encerram 142 estabelecimentos comercias, sobretudo cafés e pastelarias.

O ministro referiu ainda que as forças de segurança reportaram a existência de algum aumento de circulação na via pública e nas estradas, o que considerou ser “algo positivo”, porque pode significar “alguma retoma das atividades económicas” de empresas que tinha decidido fechar sem ser necessário.

Presidida por Eduardo Cabrita, a Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência integra representantes das forças e serviços de segurança e os secretários de Estado das áreas governativas da Economia, dos Negócios Estrangeiros, da Presidência do Conselho de Ministros, da Defesa Nacional, da Administração Pública, da Saúde, do Ambiente, das Infraestruturas e Habitação e da Agricultura.

Portugueses acataram regras do confinamento, mas operações continuam

O diretor do departamento de operações da PSP disse também que, durante este fim de semana, vão ser utilizados drones junto das praias “para controlar aglomerados de pessoas”.

Luís Elias deu conta que, desde o segundo período do estado de emergência, que decorreu entre 3 e 17 de abril, a PSP utilizou drones em Leiria, Ovar, Lisboa, Amadora, Santarém e Torres Novas, sendo usados para apoio a atividade operacional e ajudar à tomada de decisões.

Também a Guarda Nacional Republicana iniciou esta sexta-feira uma operação em todo o país, que se vai prolongar até segunda-feira, que tem como objetivo o patrulhamento, sensibilização e fiscalização das regras do estado de emergência, disse o diretor de operações do Comando Operacional da GNR.

Vitor Rodrigues frisou que os militares vão estar principalmente atentos à violação das regras de confinamento domiciliário obrigatório e à concentração de pessoas, bem como vão realizar “ações de controlo e fiscalização rodoviário”.

Na conferência de imprensa, os dois responsáveis destacaram o acatamento por parte dos portugueses das normas do estado de emergência, sublinhando que “não se registaram praticamente incidentes”.

Questionados sobre se os portugueses vão continuar a cumprir com o dever de recolhimento, responderam que “é natural” que exista uma tendência para os cidadãos saírem mais à rua à medida que o estado de emergência avança, uma vez que começa a existir um cansaço das medidas de confinamento.

No entanto, relembram que há saídas previstas no decreto do estado de emergência, salientando que ainda “não há dados concretos que permitam concluir” que os portugueses estão a sair mais à rua.

A PSP e a GNR fizeram ainda um balanço da atividade operacional durante o segundo período do estado de emergência, entre 3 e 17 de abril.

A PSP fez 118 detenções, 29 das quais por desobediência à obrigação de confinamento domiciliário por parte de cidadãos que se encontram infetados com Covid-19, 74 por desobediência por de dever geral recolhimento domiciliário e uma por circulação entre concelhos durante a Páscoa, que ocorreu nos Açores.

A PSP deteve ainda sete pessoas por não terem encerrado estabelecimentos comerciais e seis por resistência e coação a funcionário, além de ter encerrado 394 estabelecimentos.

Durante estes 15 dias, esta polícia realizou mais de seis mil operações, fiscalizou cerca de 185 mil viaturas e identificou 90 mil cidadãos, 25 mil dos quais idosos que estavam muitos deles em “situações de carência e de solidão”, disse Luís Elias.

Por sua vez, a GNR realizou 26.817 ações de sensibilização e fiscalizou cerca de 51 mil viaturas, que resultaram em 66 detenções.

O diretor de operações do Comando Operacional da GNR destacou as 15 detenções por violação ao recolhimento obrigatório e 20 por violação à cerca de Ovar.

Sobre o programa que a GNR tem junto dos idosos, Vitor Rodrigues afirmou que desde o seu início, a 9 de abril, foram contactados telefonicamente 21.400 idosos que vivem sozinhos ou isolados e 68 foram reencaminhados porque precisavam de ajuda de natureza psicológica.

Este responsável destacou ainda a descida da criminalidade na área da GNR durante o estado de emergência em relação ao mesmo período de 2019, indicando que o número de ocorrência desceu 34% e as detenções diminuíram 59%.

Portugal está em estado de emergência para combater a Covid-19 desde o dia 18 de março, que já foi renovado por três períodos, e termina a 2 de maio.

De acordo com a Direção-Geral da Saúde, morreram 854 pessoas das 22.797 confirmadas como infetadas, e há 1.228 casos recuperados, em Portugal.