O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das legislativas da Guiné-Bissau, disse hoje estar a analisar “com serenidade” as decisões tomadas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental para o país.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a crise política na Guiné-Bissau, reconheceu na quinta-feira Umaro Sissoco Embaló como vencedor da segunda volta das eleições presidenciais do país e pediu a formação de um novo Governo até 22 de maio, com base na Constituição e nos resultados das legislativas de março de 2019.

“Dada a sensibilidade do teor do comunicado, o secretariado nacional do PAIGC” vem informar os “militantes, simpatizantes e a opinião pública nacional e internacional de que as estruturas competentes do partido estão, neste momento, a analisar o assunto com toda a serenidade e garante que dentro em breve a posição do PAIGC será tornada pública”, refere, em comunicado, o partido, liderado por Domingos Simões Pereira.

Na sequência do anúncio da CEDEAO, a União Europeia elogiou a decisão da organização sub-regional africana por ter resolvido o impasse que persistia no país.

O primeiro-ministro português, António Costa, também saudou o reconhecimento internacional de Umaro Sissoco Embaló como presidente guineense, subscrevendo a posição da CEDEAO, apesar de a sua vitória nas presidenciais ainda ser contestada.

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A ONU, através do secretário-geral, disse ter “tomado nota” da decisão da CEDEAO e pediu o cumprimento das restantes deliberações da organização sub-regional.

A União Africana felicitou Umaro Sissoco Embaló e pediu aos políticos guineenses para aderirem às decisões da CEDEAO e trabalharem para a estabilidade do país.

A Guiné-Bissau tem vivido desde o início do ano mais um período de crise política, depois de Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, apesar de decorrer no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.

Simões Pereira, líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), não aceitou a derrota na segunda volta das presidenciais de dezembro.

Umaro Sissoco Embaló tomou posse numa cerimónia dirigida pelo vice-presidente do parlamento, Nuno Nabian, que acabou por deixar aquelas funções, para assumir a liderança do Governo nomeado pelo autoproclamado Presidente.

O Governo demitido por Umaro Sissoco Embaló, do primeiro-ministro Aristides Gomes (PAIGC), mantém o apoio da maioria no parlamento da Guiné-Bissau.

O Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral para quando forem ultrapassadas as circunstâncias que determinaram o estado de emergência no país, declarado no âmbito do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus.