“É a primeira vez que temos um registo tão baixo de mortos, são dados logicamente insuportáveis, mas que convidam à esperança, o número de pessoas curadas é superior ao de infetadas, estamos a dobrar a curva”, disse este domingo Pedro Sánchez, o primeiro-ministro espanhol, na habitual reunião por videoconferência com os presidentes regionais. Nas últimas 24 horas, morreram 288 pessoas com Covid-19 em Espanha (um dia antes tinham sido mais 90).

A boa notícia chega no dia em que, no país, começam a ser aliviadas as duras medidas de restrição impostas para conter a pandemia — ao todo, há 223.759 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus e já morreram 23.190 pessoas.

Este domingo, dia 26 de abril, as crianças até aos 13 anos voltam a poder sair à rua para passeios diários de, no máximo, uma hora, restritos ao raio de um quilómetro em redor das respetivas casas e acompanhados de um adulto, desde que com a mesma morada. A partir do próximo sábado, 2 de maio, os espanhóis de todas as idades, desde que saudáveis, deverão poder fazer o mesmo, para passear ou até fazer desporto, já tinha avançado este sábado Pedro Sánchez.

Ao todo, já este domingo, são esperados 5,8 milhões de crianças entre os zero e os 13 anos nas ruas de Espanha — 13,1% da população nacional, de acordos com os últimos censos —, mais outros tantos adultos a acompanhar (cada um pode acompanhar um número máximo de três crianças). Há mais regras: os passeios só podem ser dados entre as 9h e as 21h e as autoridades recomendam que as horas de ponta sejam evitadas.

Alertou este domingo de manhã em conferência de imprensa Fernando Simón, o epidemiologista responsável pelo Comité Técnico de Gestão do Coronavírus, que também esta manhã enviou para o gabinete do primeiro-ministro um documento com recomendações a adotar na fase de transição, nos próximos tempos vai ter de ser assim, com regras e cuidados nunca antes vistos. “A partir de amanhã, começa um novo período em que o objetivo já não é atingir o pico da curva, mas sim consolidá-la e começar a pensar em como é que vamos passar, de forma progressiva e em segurança, para a fase de levantamento das medidas restritivas da liberdade”, disse. “Não será a normalidade como a conhecíamos há um ano, mas uma nova normalidade”, concluiu, como tantos outros responsáveis sanitários ou políticos europeus antes dele.

Sem concretizar que outras medidas poderão começar a ser tomadas nesta fase, Simón avisou ainda: por muito que algumas possam ser adotadas a nível nacional, a transição rumo à normalidade possível será necessariamente desigual e feita por zonas, dentro de cada uma das Comunidades Autónomas, que obedeçam a determinados critérios epidemiológicos homogéneos.

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