O Bloco de Esquerda defendeu, esta segunda-feira, que Portugal precisa de autonomia para decidir processos de nacionalização e investimento público e reivindicou a urgência do “pleno emprego”, dado que a União Europeia tem dado “respostas fracas e insuficientes” à crise resultante da pandemia.

Na abertura da conferência ‘online’ intitulada “Vencer a Crise” – uma iniciativa promovida pelo BE e que durante três dias junta, por videoconferência, mais de 90 oradores –, a eurodeputada e dirigente do BE Marisa Matias afirmou que “a juntar às crises anteriores, a crise pandémica veio reforçar a necessidade de rutura com o modelo atual”.

“Da União Europeia têm-nos chegado respostas fracas e insuficientes. Precisamos, por isso, de defender a autonomia do país na tomada de decisões, incluindo no que respeita a processos de nacionalização e no que respeita ao investimento público associado a serviços públicos essenciais ao cumprimento das metas ambientais”, apontou.

Marisa Matias adiantou que o BE vai reivindicar “uma inversão das prioridades da política monetária, para que se coloque como objetivo primário o pleno emprego”, e defender “uma política de coesão”.

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“A União Europeia tem agora a sua última oportunidade para mostrar que pode ser um projeto de democracia, liberdade e solidariedade. Ou isso, ou que não nos serve, nem serve os povos europeus. Vivemos tempos desafiantes e complexos. Está à prova a nossa capacidade de resposta”, avisou.

Na perspetiva da eurodeputada do BE, “o comportamento exemplar da população portuguesa” em relação à covid-19 “tem de ser acompanhado com o comportamento exemplar por parte das instituições”.

“As perguntas que têm surgido com muita frequência nestes tempos de crise têm de ser respondidas. Para que serve afinal a União Europeia? Quando é que se assume que os tratados atuais não nos servem?”, elencou, questionando ainda se “será mesmo que a despesa de hoje são os impostos de amanhã”.

O atual ciclo político, segundo Marisa Matias, “acumula várias crises”, para as quais ainda não há respostas eficazes.

“À crise económica e social juntaram-se a crise ambiental, a crise humanitária, a crise pandémica. Se é verdade que estas crises exigem respostas internacionais, também é verdade que temos de ter respostas a nível nacional”, apelou.

Para a dirigente do BE, “mais do que nunca, tornou-se visível a importância e a centralidade do Estado e dos serviços públicos”, considerando que teria sido “uma tragédia” caso a resposta a esta crise pandémica tivesse sido feita com as “regras dos privados”.

“A solução para esta crise não virá de políticas neoliberais, nem de falsas soluções da extrema-direita. Já sabemos também que da austeridade não virá mais do que um reforço das desigualdades e aprendemos bem isso com a crise anterior”, reiterou.

A conferência “Vencer a Crise” começou hoje e termina na quarta-feira, com o encerramento pela líder do BE, Catarina Martins.

Para hoje estão previstos os painéis “Solidariedade internacional para responder à crise” e “A economia ao serviço das pessoas”

Na terça-feira decorrem mais duas sessões, desta vez sobre “Salvar o SNS” e “O papel da Escola pública na resposta à crise”.

No último dia, quarta-feira, estará em debate “Habitar as cidades, garantir direitos” e “Proteger os empregos, defender os salários”.