Os lucros da Galp caíram 72% no primeiro trimestre do ano para 29 milhões de euros, uma queda justificada com as alterações no mercado provocadas pela pandemia de Covid-19, revelou esta segunda-feira a empresa.

Os resultados do primeiro trimestre da Galp, comunicados pela empresa à Comissão de Mercados e Valores Mobiliários (CMVM), indicam que o resultado líquido ajustado (RCA) do primeiro trimestre deste ano reflete “a adversidade das condições de mercado”. Estas adversidades levaram “ao registo de um prejuízo de 257 milhões segundo as normas contabilísticas internacionais (IFRS), em resultado do reconhecimento da desvalorização do inventário da Galp em 278 milhões devido à queda das cotações dos produtos”.

A Galp diz que a pandemia de Covid-19 levou a uma quebra abrupta na procura e que, por isso, está a “desenvolver iniciativas que permitam a redução de mais de 500 milhões por ano em 2020 e em 2021 no investimento e despesas operacionais face ao plano de investimento anteriormente anunciado”

Nesse período, o investimento líquido irá situar-se entre 500 milhões e 700 milhões de euros, valores que poderão ser ajustados conforme a evolução das condições do mercado”, refere a empresa, que considera que “a flexibilidade do portfólio de ativos e projetos” permitiu que a Galp tivesse respondido “de forma ágil para salvaguardar a sua resiliência no ambiente de mercado atual essencialmente através da recalendarização de projetos de expansão”.

Os dados indicam que o resultado ajustado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda RCA) caiu 5% para 469 milhões de euros. “O maior contributo para a redução veio da área de negócio do Upstream que, apesar de ter aumentado a produção total de petróleo e gás natural em 17%, foi prejudicada pela forte queda nos preços do petróleo. O Ebitda da área caiu 24%, para Euro286 milhões”, explica a empresa.

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A produção de petróleo e gás natural totalizou 131,4 mil barris por dia, impulsionada pelo desenvolvimento continuado dos projetos Lula e Iracema e Berbigão/Sururu, no Brasil, e por uma maior contribuição do projeto Kaombo, em Angola.

O Ebitda do negócio de Refinação e Midstream melhorou para 90 milhões de euros em relação ao primeiro trimestre de 2019, o qual havia sido marcado por restrições operacionais no sistema refinador da Galp. Em resultado, as matérias-primas processadas aumentaram 18% e as vendas de produtos petrolíferos aumentaram 13%, beneficiando de um aumento das exportações.

As margens de refinação caíram cerca de 19% em relação ao ano anterior, em parte devido aos trabalhos de manutenção programada no hidrocracker da refinaria de Sines, justifica a empresa. As vendas de gás natural também caíram, com a atividade de trading a refletir a deterioração das condições do mercado, enquanto as vendas de eletricidade permaneceram estáveis.

O Ebitda da área Comercial manteve-se nos 90 milhões de euros, ainda que com volumes inferiores, devido à maior contribuição das atividades em Espanha. As vendas de produtos petrolíferos a clientes diretos diminuíram de 13%, refletindo os efeitos dos limites à circulação impostos no mercado ibérico a partir de março, e as vendas de gás natural caíram 24%.

No final de março, a dívida líquida da Galp situava-se em 1,4 mil milhões, um aumento de 61 milhões de euros face ao final de 2019.