Philadelphia 76ers – Los Angeles Lakers

1980, Jogo 6 das Finais

Talvez seja a mais completa exibição de um jogador num jogo das Finais, feito ainda mais impressionante se pensarmos que Earvin Johnson Jr., de seu nome de nascença, estava na sua primeira época e nem sequer era titular. E tudo é ainda mais significativo se pensarmos que Kareem Abdul-Jabbar, o principal jogador dos Lakers (e principal fonte de pontos) ficara em Los Angeles, a tratar de uma lesão do tornozelo que o arredava do jogo 6 e do 7 (se o houvesse). Pode dizer-se que Magic chegou-se literalmente à frente: no avião para Philly sentou-se no lugar habitualmente ocupado por Kareem e disse à equipa para não se preocupar: se as coisas estivessem complicadas ele resolveria o jogo. Vamos pôr as coisas assim: no jogo mais importante da sua época de estreia, Magic jogou nas cinco posições e liderou a sua equipa com 42 pontos, 15 ressaltos e sete assistências, numa vitória de 123-107 que anunciou ao mundo a chegada de um maravilhoso jogador.

Los Angeles Lakers – Boston Celtics

1984, Jogo 7 das Finais

Em 1980 e 82, os Lakers sacaram o título contra Philly, que se vingaram em 83; de permeio, em 81, os Celtics bateram os Rockets – mas só em 1984 é que Magic e Bird voltaram a encontrar-se numa final: em 1979, Bird havia perdido o campeonato universitário para Magic e agora aqui estavam eles de volta, no maior dos palcos, com tudo empatado a 3. Os Lakers tinham uma equipa espantosa (Kareem Abdul-Jabbar, Michael  Cooper, Magic Johnson, Byron Scott, James Worthy), representativa do Showtime, isto é, de jogar para o espectáculo; os Celtics tinham uma equipa não menos espantosa (Danny Ainge, Larry Bird, Cedric Maxwell, Kevin McHale, Robert Parish) mas a quem o espectáculo não interessava tanto, antes o jogo de equipa. Do cinco inicial dos Celtics, três contribuíram com 20 ou mais pontos, incluindo Bird (20), Cedric Maxwell (24) e Dennis Johnson (22), enquanto Robert Parish contribuiu com 14 pontos e 16 ressaltos.

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Los Angeles Lakers – Boston Celtics

1985, Jogo 6 das Finais

A melhor vingança não é a que se serve fria – é a que se serve de imediato. A década de 1980 foi completamente dominada por Lakers e Celtics, com pelo menos uma das equipas a chegar às Finais em todos os anos (isto se considerarmos que a década começa em 80 e acaba em 89). Entre ambas conquistaram oito títulos, cinco para os Lakers, três para os Celtics, e encontraram-se três vezes nas finais, com o primeiro milho a ir para os Celtics e os restantes para os Lakers. Pelo que esta final era de extrema importância para os Lakers, que com 3-2 a seu favor recebiam os Celtics – convinha ganhar e conquistar logo ali o título, senão tinham de ir disputar o jogo 5 a Boston, que nunca tinha perdido em casa numas Finais. Num jogo renhidíssimo até ao terceiro período, Larry Bird só acertou 12 dos seus 29 lançamentos, pese embora Kevin McHale tenha marcado 32 pontos e sacado 16 ressaltos. Mas o grande herói do jogo foi Kareem Abdul-Jabbar, com 29 pontos. Kareem acabou como MVP aos 38 anos, enquanto James Worthy e Magic tiveram médias de 23.7 pontos e 18.3 pontos, 14.0 assistências e 6.8 ressaltos por jogo.

Boston Celtics – Chicago Bulls

1986, Jogo 2 dos Play-offs

Michel Jordan ia apenas na sua terceira época na NBA e já estava farto de perder – por perder entenda-se: não ser campeão. Por mero azar encontrou nos play-offs uma equipa habituada a sê-lo: os Celtics de Larry Bird, Kevin McHale, Danny Ainge e companhia. Durante a época regular, os Celtics haviam vencido 40 dos seus 41 jogos em casa – de modo que Jordan achou que tinha de chamar a si a responsabilidade de resolver o assunto: sacou 22 de 41 lançamentos de campo, marcou 19 dos seus 21 lançamentos livres e, como os tempos eram outros, nem um triplo tentou, optando por entrar para o cesto por entre um mar de empurrões e cotoveladas. Acabou o jogo com 63 pontos, recorde da história dos Play-offs, mas nem assim: a caminho de mais um título, os Boston Celtics, atuando como equipa, ganhariam o jogo 135-131 – e mais tarde Larry Bird diria que não era Jordan em campo, era Deus.

Chicago Bulls – Los Angeles Lakers

1991, Jogo 2 das Finais

Até hoje, este jogo ficou conhecido por um lançamento de Jordan em que muda a bola de mão em pleno ar, levando o comentador televisivo a gritar “Oh, a spectacular move by Michael Jordan!”. Para terem ideia da maravilha que é, este lance ainda hoje é abundantemente repetido nos separadores e highlights da NBA. Jordan costumava elevar o seu jogo nos Play-Offs e elevar o seu jogo foi o que ele fez aqui. Depois de perderem o primeiro em casa, os Bulls corriam o risco de fazer a viagem para Los Angeles num valente sarilho contra uns Lakers cujo cinco inicial era composto “só” de Magic Johnson, Vlade Divac, James Worthy, Sam Perkins e Byron Scott – uma super-equipa. Mas não foi possível parar Jordan, no seu caminho rumo ao primeiro titulo dos Bulls: numa exibição completíssima, Jordan marcou 33 pontos, sacou 7 ressaltos, ofereceu 13 assistências, roubou 2 bolas e ainda bloqueou outra. O espanto é ainda maior se pensarmos que a sua percentagem de lançamentos de campo foi de 83,3. Uma loucura.

Utah Jazz – Chicago Bulls

1998, Jogo 6 das Finais

Com Chicago a perder por um ponto, ele roubou a bola na defesa, partiu para o contra-ataque, já junto à linha de três pontos atacou a esquerda do adversário, de repente parou o movimento, travando e puxando a bola para a sua mão esquerda, enquanto o seu adversário saiu disparado, e ele subia e fazia o lançamento que daria o seu sexto e último título. É o último jogo de Jordan pelos Bulls, e tudo poderia ter sido diferente se os Jazz tivessem sabido capitalizar a sua vitória no jogo de abertura da série. Mas no segundo jogo deitaram tudo a perder no último quarto, no terceiro foram simplesmente esmagados e no quarto nunca conseguiram recuperar a desvantagem de dois pontos que tinham à entrada do último quarto. Os Jazz fizeram o 2-3 e, a 35 segundos do final do 6.º jogo, tinham uma vantagem de 3 pontos que lhes permitia ir à negra. O resto foi Michael Jordan e um dos finais de Finais mais épicos de que há memória – ou a despedida precisa de um enorme campeão.

Detroit Pistons – San Antonio Spurs

2005, Jogo 7 das Finais

O terceiro título da era Popovich foi talvez o mais difícil de todos, muito à conta do opositor, uns Detroit Pistons historicamente preparados para tornar qualquer partida numa batalha física, mais dependente do número de cotoveladas do que da correta aplicação dos fundamentos técnicos do jogo. Numa série sempre no limite, os Spurs viram uma vantagem de 2-0 tornar-se numa desvantagem de 2-3. Tim Duncan estava em má forma, David Robinson já tinha anos a mais e só Manu Ginobili parecia injetar magia na equipa – no sétimo jogo fez 23 pontos numa série de entradas para o cesto imparáveis. Duncan, que chegou a falar oito lançamentos seguidos, conseguiu limpar a cabeça a tempo de se impor no quarto período (com a ajuda já mencionada de Ginobili), acabando o jogo com 25 pontos e 11 ressaltos, o que lhe valeu o prémio de MVP. Não terá sido o mais belo basquetebol que os Spurs produziram, mas numa final tão épica e tão dependente da fé para superar a adversidade, fica como um exemplo do lado negro que os Spurs (conhecidos por praticar basquetebol correto, de fundamentos) também têm, e ao qual recorrem quando é mesmo necessário.

Miami Heat – Dallas Mavericks

2006, Jogo 5 das Finais

Já era tudo imprevisível à partida, tendo em conta que era a primeira vez desde 1971 que o título da NBA era disputado por duas equipas que nunca tinham chegado às Finais; desde 1978 que um título da NBA não era disputado por duas equipas que nunca tinham ganho. Pelo que se faria sempre história. Mas o que aconteceu a seguir foi extraordinário: os Mavericks, que viviam muito à conta de Dirk Nowitzki, um alemão aparentemente lento, que era quase imparável quando aplicava o seu lindo fade-away shot ou o seu semi gancho, sacaram os dois primeiros jogos, deixando os Heat numa posição quase impossível: só os Celtics, em 1969, e os Trail Blazers, em 1977, haviam conseguido ser campeões depois de perderem os dois primeiros jogos. Os Heat, que viviam da parelha Shaq + Dwayne Wade, fizeram o mais difícil e empataram a eliminatória, deixando os Mavericks numa situação complicada: tinham o jogo 5 em casa e o jogo 6 fora; se perdessem o jogo 5 corriam o risco de ter de ganhar em Miami para se manterem vivos. Eis então o épico jogo 5, um jogo carregado de tensão, em que Wade foi 25 vezes para a linha de lançamento livre, sofrendo mais faltas que toda a equipa dos Mavericks, levando os Heat nos últimos segundos até ao prolongamento, período no qual ganhou o jogo praticamente sozinho, acabando-o com 43 pontos.

Lakers – Celtics

Jogo 7 das Finais, 2010

No fim houve confetti púrpura e dourado a celebrar a mais feia de todas as vitórias na carreira do absolutamente genial e muito saudoso Kobe Bryant (o mais elegante jogador da História). A mais feia – mas talvez a mais inteligente. Kobe havia conquistado três títulos fazendo tandem com Shaq; depois, Shaq foi para Miami e conseguiu o seu 4.º título. Em 2008 Kobe guia os Lakers às Finais e perde 2-4 para os Celtics – o que só aumentou a ideia de que Kobe não era um jogador da dimensão de Jordan. Mas nos dois anos seguintes Kobe quase se matou para conseguir o anel de campeão. À entrada para o quarto período, os Lakers perdiam, num jogo feio, de defesas coesas e brutais – os Celtics de Garnett, Paul Pierce, Wallace, Perkins não eram exatamente suaves. Kobe estava em noite não – e acabou com 23 pontos, mas apenas 6 lançamentos de campo em 24. E foi então que Kobe fez o impensável: começou a passar a bola – e os seus colegas ergueram-se à altura da ocasião, com Ron Artest a sacar 20 pontos e Pau Gasol a marcar 9 pontos no último quarto (e um total de 18 ressaltos). Foi uma vitória, como se costuma dizer, na marra: feia, feita em equipa, com muito suor, cotoveladas, bolas disputadas no chão, sangue esparramado a rodos. Um clássico.

Golden State Warriors – Cleveland Cavaliers

Jogo 7 das Finais, 2016

É muito possível que esteja aqui o maior abafo da história das finais, mesmo no fim do jogo, alterando por completo o curso dos acontecimentos, quando parecia que a balança ia pender para os Warriors. Lebron já havia conquistado dois títulos, ambos com Miami (em 2012 e 2013) mas faltava-lhe oferecer o tão prometido a Cleveland, para mais um título que a dada altura parecia impossível: nunca nenhuma equipa até então tinha conseguido superar um déficit de 1-3 numa Final, feito ainda mais inqualificável se tivermos em conta que do outro lado estavam os campeões (e que viriam a ganhar os dois títulos seguintes). O jogo 7 é tenso, intensamente disputado e com um final elétrico. Nessa noite, Lebron acabou com 27 pontos, 11 assistências e 11 ressaltos, mas os seus números ao longo da série são extraordinários: uma média de 29,7 pontos, 8,9 assistências, 11,3 ressaltos, 2,6 roubos de bolas e 2,3 blocos por jogo – números estonteantes.