Mais de um mês depois do início da intervenção em Saúde Mental em contexto de catástrofe, o Gabinete de Crise da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) fez esta terça-feira um balanço positivo da operação e revela que ansiedade, insónias e manifestações somáticas são as principais queixas daqueles que recorrem a este serviço.
O nosso mundo mudou e há uma grande incerteza quanto ao futuro. É normal ter medo, mas o importante é tentar encontrar estratégias para lidar com ele”, afirma Teresa Maia, Coordenadora Regional de Saúde Mental da ARSLVT, citada num comunicado enviado às redações.
De acordo com a psiquiatra, “apesar de utentes e profissionais estarem a demonstrar grande resiliência, estas consultas são fundamentais e neste primeiro mês foram acompanhadas centenas de profissionais e milhares de utentes”.
O plano, que abrange os 15 Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) e os Serviços de Psiquiatria dos 16 hospitais da Região, tem como objetivo dar “apoio emocional a utentes, familiares e profissionais de saúde em matéria de Saúde Mental”, através de consultas presenciais ou telefónicas.
“Desde o primeiro momento que a Saúde Mental foi uma das nossas preocupações na Região, dadas as características e as implicações desta pandemia”, afirma o presidente da ARSLVT. Luís Pisco salienta ainda a proatividade da equipa e dos profissionais envolvidos, que permite também o acompanhamento regular, da forma necessária e a quem precisa.
O pedido de apoio pode ser feito aos centros de saúde, preferencialmente por chamada telefónica ou email, sendo atendidos por psicólogos ou médicos de família com a formação adequada. Posteriormente, os utentes poderão ser encaminhados para os profissionais das equipas dos Serviços Locais de Saúde Mental, dando-se “prioridade às pessoas com doenças psiquiátricas que apresentam quadros de maior gravidade e aos mais vulneráveis”.
O papel de quem chefia é fundamental. Quem coordena deve estar mais atento àqueles que por algum motivo podem estar mais vulneráveis, ou porque tem antecedentes, ou porque está mais sozinho, sem grande rede de suporte”, acrescenta Teresa Maia.
Foi ainda criado “um guia de apoio à consulta na área da Saúde Mental para os profissionais que acompanham pessoas infetadas pela COVID-19 e estão em acompanhamento domiciliário” e têm sido desenvolvidas estratégias de prevenção do stress e do burnout, bem como estratégias de proximidade às equipas que se encontram no terreno”, pode ainda ler-se.