As creches e jardins-de-infância garantem estar preparados para reabrir já em maio, mas alertam que continuam sem receber quaisquer orientações técnicas da Direção-Geral da Saúde (DGS), lamentou a presidente de uma associação representativa do setor. Ainda não há data oficial para a abertura destes equipamentos, embora o jornal Público tenha avançado que a decisão do Governo, que será conhecida na quinta-feira, recairá sobre 1 de junho.

Na altura, Susana Batista, presidente da Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular (ACPEEP), disse que as creches e jardins-de-infância estavam prontos para regressar à atividade já em maio e desenhou um plano de contingência com 28 orientações para receber bebés e crianças. 

O plano foi inspirado nas práticas de outros países, como a Suécia ou a Dinamarca, mas também em medidas que estavam a ser aplicadas em hospitais, disse à Lusa a presidente da ACPEEP, Susana Batista. “Estudámos vários cenários e escolhemos as medidas que considerámos importantes e exequíveis, uma vez que estamos a falar de crianças”, explicou Susana Batista.

Apesar de as medidas terem sido pensadas e adaptadas tendo em conta o público-alvo, Susana Batista lamentou o silêncio da Direção-Geral da Saúde. “Nós precisamos de ter orientações concretas da Direção-Geral da Saúde a dizer o que é que querem que a gente faça, que medidas temos de implementar para garantir a segurança de todos”, criticou a responsável, sublinhando que é a DGS quem tem os conhecimentos científicos.

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Até lá, as creches e jardins-de-infância continuam a trabalhar com as regras que definiram e que Susana Batista diz serem um pouco à semelhança “do que os portugueses já fazem nas suas próprias casas”.

“Vamos tentar criar um espaço o máximo possível afastado do resto do mundo”, explicou, dando como exemplo os pais não poderem entrar dentro das escolas, tendo de entregar as crianças à entrada dos estabelecimentos. Entre as medidas está também a medição da temperatura corporal de todas as crianças e funcionários quando chegam à escola e depois, novamente, a meio do dia.

“No caso das crianças achámos que faria sentido ser antes da sesta”, exemplificou, sublinhando que as direções de vários estabelecimentos já adquiriam ou encomendaram termómetros infravermelhos para que não haja contacto.

A higienização sistemática, a opção pelos jardins e espaços exteriores em vez das salas de aulas e os equipamentos de proteção também fazem parte da lista de medidas.

No caso dos equipamentos de proteção, por exemplo, a associação concluiu que os educadores e auxiliares devem usar viseiras em vez de máscaras, porque assim “as crianças conseguem ver as caras dos adultos e não se assustam”, explicou.

Este fim de semana, o jornal Publico avançou com a data de 1 de junho para a reabertura das creches, que estão encerradas desde 16 de março, tal como os restantes estabelecimentos de ensino. No entanto, a decisão do governo sobre reabertura das creches só será conhecida na quinta-feira, em Conselho de Ministros.

O encerramento de todos os estabelecimentos de ensino foi uma das medidas avançadas pelo Governo em março para tentar conter o novo coronavírus, que provocou até esta terça-feira 948 mortos e mais de 24 mil casos confirmados de infeção em Portugal. Na segunda-feira recomeçam gradualmente as aulas presenciais no ensino superior, estando previsto para meados do mês o reinício das aulas para os alunos do 11.º e 12.º anos às disciplinas que realizem exames nacionais.  Depois poderá ser a vez das creches, a 1 de junho, Dia da Criança.

Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo já anunciou a proibição de deslocações entre concelhos no fim de semana prolongado de 1 a 3 de maio.