O governo venezuelano chegou a um acordo com os empresários para estabelecer preços justos para 27 produtos básicos alimentares, no mesmo dia em que iniciou um programa de fiscalização dos valores de venda em todo o país.

O acordo tem lugar depois de na última semana ocorrerem protestos pelos altos preços dos produtos, dificuldades na obtenção e distribuição de produtos, e escassez de combustível em pelo menos 10 dos 24 Estados do país.

O acordo foi assinado depois de várias reuniões com o setor empresarial. Nas reuniões participaram, entre outros representantes das redes de supermercado Central Madeirense, Unicasa, Excelsior Gama e Automercados Plazas, propriedade de empresários portugueses radicados na Venezuela.

Não podemos permitir que os preços acordados se desviem da realidade. Estes preços acordados devem ser respeitados por todos os atores. Estamos comprometidos a uma permanente jornada de trabalho para ir ajustando o que houver que ajustar”, disse o vice-presidente venezuelano para a área económica, Tareck El Aissami, durante a assinatura do acordo.

Por outro lado, explicou que o Executivo tem a “firme disposição” de atender os empresários e as forças produtivas nacionais e internacionais, com “uma política e portas abertas e de mãos estendidas para produzir pela Venezuela”.

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Entretanto o governo venezuelano iniciou, na segunda-feira, um “plano contra a especulação” a nível nacional do qual faz parte a fiscalização de inventários, distribuição e preços de venda de supermercados, mercearias, talhos, padarias, mercados municipais e distribuidores de alimentos. As fiscalizações já incluíram algumas sucursais das redes de supermercados Unicasa, Central Madeirense e Excelsior Gama, propriedade de portugueses.

O governo venezuelano decretou na sexta-feira a “ocupação temporária” da empresa Coposa, fabricante de margarina e óleo, e ordenou a venda supervisionada dos produtos da Polar, a maior produtora privada de alimentos da Venezuela, dos fiambres Plumrose e do Açougue de Turmero.

Segundo a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez a decisão do Executivo vai vigorar por 180 dias e “estas empresas estavam-se a converter em marcadores referenciais [de preços] especulativos, que estão afetando o povo em geral”.

Na segunda-feira o governo venezuelano anunciou a intervenção administrativa por tempo indeterminado da companhia de enchidos TQL Logistics, cujos produtos vão ser alvo de uma “distribuição controlada”. Há suspeitas de que a empresa não tenha um registo da estrutura de custos e cobre as vendas em moeda estrangeira.