Os responsáveis do Museu do Prado, em Madrid, esperam perdas de cerca de 70% nos rendimentos de 2020 devido a pandemia do novo coronavírus. Miguel Falomir, presidente da instituição, e Javier Solana, presidente do conselho de administração, reuniram esta terça-feira, por videoconferência, com os reis de Espanha, patronos honorários, para discutirem a situação financeira do museu, numa altura em que o país se prepara para começar a levantar as primeiras medidas de restrição, no início de maio.

Em 2019, ano em que o Prado celebrou o seu 200.º aniversário, o museu madrileno registou o maior número de visitantes, 3,2 milhões, e com ele um lucro elevado de 22,6 milhões de euros. Este ano, será muito diferente — Falomir e Solana estimam uma perda 70% nos rendimentos anuais, que incluem não só a venda de bilhetes, mas também as compras feitas pelos visitantes na loja do museu, a venda de catálogos, o consumo na cafetaria, os audioguias e o aluguer de espaços para eventos e filmagens, explica o El País.

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Desde que foi obrigado a encerrar a 12 de março, o Prado terá perdido, segundo as contas dos responsáveis apresentadas aos reis de Espanha, 1 milhão de euros de duas em duas semanas, de acordo com o mesmo jornal.

O Prado não é o único museu europeu que tem sofrido e irá continuar a sofrer as consequências da crise provocada pelo novo coronavírus. Esta quarta-feira, o presidente do Conselho Internacional de Museus (ICOM) da Europa, Luís Raposo, alertou para isso mesmo, chamando a atenção para o facto de que os museus, muito dependentes do turismo internacional, “vão entrar em grandes dificuldades e sofrer muitíssimo”.

“A nível mundial haverá situações graves de rotura, com encerramentos, no setor privado, e os museus públicos que dependem muito desses fluxos de turismo vão enfrentar grandes dificuldades”, avaliou, dando o exemplo do Museu do Prado, em Madrid, e do Museu Van Gogh, na Holanda, situação que deverá “demorar anos a recuperar”, afirmou Raposo, contactado pela Agência Lusa.

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O museu madrileno ainda não tem data para voltar a funcionar. Enquanto não volta a abrir portas, pretende continuar a disponibilizar conteúdos online, através do El Prado Contigo, à semelhança do que tem vindo a ser feito por estas e outras instituições, em Espanha e noutros países. Além de mostrar mais de 18 mil obras que fazem parte da coleção do museu, a iniciativa inclui propostas educativas e visitas virtuais a zonas geralmente de acesso restrito, como o gabinete técnico.

Segundo dados divulgados pelo museu, o número de visitantes do site do Prado aumentou 258% desde o início do estado de emergência. As interações nas redes sociais também cresceram quase 200%.