O Centro de Integridade Pública (CIP), organização não-governamental moçambicana, sugeriu esta quarta-feira a participação de organizações da sociedade civil na gestão dos recursos destinados à luta contra o novo coronavírus em Moçambique.

“Temos verificado que há muitos recursos que têm sido atribuídos à luta contra a Covid-19, que o governo formalize um espaço que permita que a sociedade civil participe na gestão dos fundos”, referiu Celeste Banze, economista e pesquisadora do CIP.

O envolvimento da sociedade civil iria tornar a utilização dos recursos destinados à luta contra a pandemia mais transparente, enfatizou a investigadora da organização não-governamental (ONG). O atual contexto, prosseguiu, impõe uma maior necessidade de disponibilidade de informação por parte do governo.

O executivo criou uma conta especial para o depósito dos recursos canalizados para o plano de combate à Covid-19, após uma recomendação dos parceiros internacionais nesse sentido.

A necessidade de transparência na gestão dos fundos tem sido reiterada por vários quadrantes da sociedade moçambicana, face à desconfiança instalada em relação às autoridades do país.

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A desconfiança foi alimentada pelo conhecimento em 2016 de que o governo moçambicano avalizou secretamente dívidas de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros), entre 2013 e 2014, a favor de três empresas públicas do setor de pescas e segurança marítima.

Na sequência do escândalo, a justiça de Moçambique e dos Estados Unidos da América abriram processos judiciais, devido a indícios de que ocorreram ilícitos criminais na operação que deu origem às dívidas.

Moçambique regista oficialmente um total de 76 casos de infeção pelo novo coronavírus, referiu no domingo Rosa Marlene, diretora nacional de Saúde Pública.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 217 mil mortos e infetou mais de 3,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Perto de 860 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.