O secretário geral da ONU, António Guterres, defendeu esta terça-feira que, na situação da pandemia da Covid-19, o dinheiro público não deve servir para resgatar indústrias poluentes, mas ser direcionado para investimentos em modelos sustentáveis que permitam combater as alterações climáticas.

“Quando o dinheiro dos contribuintes é necessário para resgatar as empresas, devem-se criar empregos verdes e crescimento inclusivo e sustentável”, disse António Guterres no 11.º Congresso Internacional Petersberg Climate Dialogue, em Berlim, através de videoconferência.

O português considerou ainda que o dinheiro público “não deve ser para resgatar indústrias obsoletas e poluentes”.

O chefe das Nações Unidas pediu, na ocasião, que se aproveitassem os bilhões de dólares para sair da crise pandémica, direcionando-os para a realização de “uma transição energética”, investindo-os, sobretudo, em tecnologias verdes, como incentivo às tecnologias limpas, e substituindo os subsídios para os combustíveis fósseis.

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António Guterres referiu também que, quer o aquecimento global, quer a pandemia da Covid-19, exigem uma “liderança corajosa, visionária e colaborativa” e lembrou também que os grandes países emissores, com a China e os Estados Unidos à frente, são “a chave do sucesso”.

Sem a contribuição dos grandes [países] emissores, todos os nossos esforços correm o risco de estar predestinados ao fracasso”, alertou.

Guterres disse ainda que, nestes tempos difíceis, também “há esperança” e que a comunidade internacional tem diante de si “uma oportunidade de reconstruir um mundo melhor”.

Vamos usar a recuperação face à pandemia para estabelecer as bases para um mundo mais seguro, saudável, inclusivo e resiliente para todos”, salientou o responsável.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 214 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 840 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 948 pessoas das 24.322 confirmadas como infetadas, e há 1.389 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram, entretanto, a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria, Espanha ou Alemanha, a aliviar algumas das medidas.