O investimento de 45 milhões de euros em projetos de internacionalização que reposicionaram a indústria portuguesa do mobiliário permitiram aumentar as exportações deste cluster em 32% entre 2014 e 2019, divulgou esta quinta-feira a associação setorial.

Em comunicado, a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA) destaca que, atualmente, 90% do volume de negócios das empresas do cluster advém das exportações, estando a associação e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) “a definir novos modelos de divulgação internacional” que permitam manter esta aposta apesar dos constrangimentos provocados pela pandemia da covid-19.

Como resultado do investimento feito, as exportações do setor atingiram o valor recorde 1,83 mil milhões de euros em 2019, mais 32% do que os 1,39 mil milhões de euros de 2014.

Uma subida, explica a APIMA, sobretudo “assente na consolidação os dois principais mercados, francês (34%) e espanhol (25%), mas também na penetração em novos mercados, como o alemão e o americano”.

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Segundo a associação, nos últimos cinco anos os projetos de internacionalização desenvolvidos pelo cluster do mobiliário e afins – que integra setores tradicionais da economia portuguesa como o mobiliário, colchoaria, decoração, tapeçaria e iluminação – mobilizaram 954 participações em eventos de promoção internacional apostados em “reinventar a imagem e posicionamento externo” destas indústrias.

“No âmbito dos cinco projetos Interfurniture/Portuguese Furniture, dinamizados pela APIMA e apoiados pela AICEP e pelo Compete 2020, mais de 500 empresas nacionais participaram já em 109 feiras setoriais em todo o mundo, num investimento total de cerca de 45 milhões de euros comparticipados em cerca de 50% pela APIMA, AICEP e PORTUGAL 2020”, refere.

Ancorado em cinco projetos conjuntos de internacionalização, este plano foi desenvolvido em torno da participação em feiras internacionais e da realização de missões empresariais (no estrangeiro e inversas) e pretendeu assumir-se como “uma montra privilegiada para as empresas portuguesas promoverem a qualidade da produção nacional, assente no know-how de décadas de experiência, mas também na introdução de novos fatores de diferenciação, como o design e a customização”.

Citado no comunicado, o diretor executivo da APIMA destaca o facto de “as empresas nacionais se terem afirmado com base na qualidade dos produtos, na inovação e no design, e não no fator preço”.

Simultaneamente, refere Gualter Morgado, muitas empresas portuguesas apostaram na personalização e na customização dos produtos, permitindo que “este crescimento assente não só na consolidação das grandes indústrias, mas também no aumento do número de empresas exportadoras”.

Ciente de que as restrições à concentração de pessoas resultantes da pandemia vão impor alterações ao modelo de feiras e missões empresariais até agora desenvolvido, o dirigente associativo garante que a APIMA “está já a definir com a AICEP e demais entidades novos formatos e canais de promoção internacional, com um forte enfoque na tecnologia e no digital”.

No âmbito da aceleração dos pagamentos relativos ao Portugal 2020, anunciada pelo Governo em resposta ao impacto da crise sanitária, a APIMA vai distribuir, nas próximas semanas, cerca de dois milhões de euros de incentivos relativos a dois projetos conjuntos de internacionalização.

Segundo adianta, este valor será distribuído por mais de 200 empresas e inclui também o adiantamento das despesas realizadas nas feiras de janeiro e fevereiro deste ano.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 224 mil mortos e infetou cerca de 3,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Cerca de 890 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 973 pessoas das 24.505 confirmadas como infetadas, e há 1.470 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.