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Não são só os homens que pegam em armas. Estas três mulheres guerreiras são a prova disso mesmo

Este artigo tem mais de 3 anos

Ian Kershaw disse que as mulheres guerreiras são a exceção, não a regra. A historiadora Pamela D. Toler decidiu refutar isso: no seu livro, não faltam mulheres armadas. Eis a história de três delas.

Nzinga ou Ginga governou o reino do Ngondo, na atual Angola, durante várias décadas depois da morte do irmão. Nesta miniatura do século XVII, surge armada e acompanhada por uma comitiva de soldados
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Nzinga ou Ginga governou o reino do Ngondo, na atual Angola, durante várias décadas depois da morte do irmão. Nesta miniatura do século XVII, surge armada e acompanhada por uma comitiva de soldados

Getty Images

Nzinga ou Ginga governou o reino do Ngondo, na atual Angola, durante várias décadas depois da morte do irmão. Nesta miniatura do século XVII, surge armada e acompanhada por uma comitiva de soldados

Getty Images

A história está cheia de mulheres que ficaram famosas por terem pegado em armas. Contudo, houve sempre uma tendência para apresentar figuras como Mulan, Boudica ou Joana d’Arc como uma exceção à regra. Era precisamente esta a opinião do historiador militar inglês John Keegan que, no primeiro interlúdio do seu livro Uma História da Guerra, frisou a relevância desta “importantíssima limitação: a de que [a guerra] é uma atividade inteiramente masculina”: “A guerra é (…) a única atividade humana em relação à qual as mulheres se mantiveram sempre e em todo o lado, com exceções insignificantes, à parte. (…) as mulheres não lutam. Raramente combatem entre elas e nunca, em qualquer sentido militar, combatem contra homens”.

A historiadora norte-americana Pamela D. Toler defende precisamente o contrário. Na opinião da especialista em história militar e história das mulheres, “as mulheres sempre foram para a guerra: combatiam para vingar as suas famílias, defender as suas casas (ou cidades ou nações), conquistar a independência relativamente a uma potência estrangeira, expandir fronteiras do seu reino ou satisfazer a sua ambição”. Existem inúmeros exemplos conhecidos disto mesmo, e são ainda aqueles que nunca se chegaram a conhecer por falta de registos. Porque nisto, como noutras questões, “o desaparecimento das mulheres guerreiras faz parte da nossa tendência mais alargada de escrever a história no masculino”.

Foi procurando lutar contra esta tendência e contra opiniões como as de Keegan que Toler decidiu escrever Mulheres Guerreiras, “uma história inesperada” que mostra como, ao contrário do que muitas vezes tem sido dito, as mulheres sempre estiveram presentes na guerra, umas vezes lutando ao lado dos homens, outras liderando exércitos, desde os tempos mais antigos aos mais modernos. Os exemplos reunidos por Toler são muitos e variados. Mostram os diferentes e complexos contextos em que as mulheres pegaram em armas: existem histórias de mães que defenderam os seus filhos e famílias, de filhas que quiseram seguir o exemplo dos pais, de viúvas furiosas, rainhas poderosas ou de mulheres que simplesmente sentiram que o seu lugar era no exército.

As três mulheres cujas histórias contamos de seguida, e às quais Toler deu destaque no seu livro, são exemplo desta mesma diversidade: de tempos e origens muito diferentes, o papel que desempenharam na guerra foi também ele distinto. Há, porém, uma coisa que todas elas têm em comum — à sua maneira, deixaram a sua marca na história da região em que viveram.

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O livro Mulheres — Uma História Inesperada foi publicado em Portugal em março, pela editora Temas e Debates

Fu Hao

A esposa do imperador que lutou para defender a dinastia Shang

Hua Mulan é a mulher guerreira mais conhecida da China e uma das mais conhecidas da história graças ao filme de 1998 da Disney, mas não é a mais antiga (a sua história é conhecida graças a um poema de uma antologia poética do século XII). Muitos anos antes, em c. 1.200, viveu uma mulher que ficou famosa por ter ajudado a defender a dinastia Shang (a segunda a governar a China), a general Fu Hao. Hao (“Fu” é um título da corte que pode ser traduzido como “senhora”) “é a mulher mais antiga cujo nome e história” que Pamela D. Toler sabe terem sobrevivido.

Fu Hao era uma das três principais mulheres do imperador Wu Ding, que, segundo as fontes, teria 64 (Ding terá casado com uma mulher de cada tribo para manter a paz no reino). “Histórias tradicionais chinesas, escritas séculos depois dos factos, dizem-nos que Wu Ding, o vigésimo terceiro soberano da dinastia Shang, foi um poderoso imperador que governou durante cinquenta e nove anos, mas não mencionam Fu Hao.” A sua história é conhecida graças às inscrições de cerca de 250 ossos de oráculo, “os registos escritos chineses mais antigos”. Além de permitirem reconstruir o percurso da general, os ossos são também testemunho da relação de grande proximidade que existia entre ela e o imperador e que lhe permitiu ascender social e militarmente. Existem inscrições em que, por exemplo, Wu Ding questiona o oráculo sobre a saúde da sua mulher, a sua gravidez, a sua prosperidade ou se devia enviá-la ou a outro general em campanha.

Sabe-se que Hao participou nas campanhas militares mais importantes do tempo de Wu Ding, nomeadamente na que foi levada a cabo contra os Tu Fang, uma tribo do norte que criou problemas durante grande parte do reinado. Durante ano e meio, Fu Hao lutou contra os Tu Fang, juntamente com outros generais. Depois disso, concentrou as suas forças no combate aos Qiang Fang, da região noroeste, aos Yi Fang, do sudeste e sudoeste, e aos Ba Fung, do sudeste. Derrotados todos os seus adversários, regressou vitoriosa à capital Shang, Yinxu (atual Anyang, na província de Henan), ficou doente e morreu pouco tempo depois. Depois da sua morte, tornou-se objeto de culto (eram realizados sacrifícios em seu nome) e foi cerimonialmente casada por três vezes com outra divindade ou com um seu antepassado também idolatrado.

[Um vídeo da agência de notícias Xinhua sobre Fu Hao:]

A general ficou famosa quando o seu grandioso túmulo foi descoberto, em 1976, por uma equipa de arqueólogos liderada por Zheng Zhenxiang (a primeira arqueóloga da China, segundo Toler). Uma vez que nunca tinha sido pilhado, tinha a maior quantidade de objetos funerários do que qualquer outro da dinastia Shang. Entre as várias centenas de peças que decoravam o seu interior, contavam-se mais de 700 objetos ornamentais em jade, mais de 500 em osso, mais de 400 em bronze (entre os quais perto de duas dezenas de armas), pesando cerca de 1.600 toneladas, 16 escravos para servirem Hao no Além e seis cães para lhe fazerem companhia. O espólio encontra-se hoje exposto no museu das ruínas de Yinxu.

Consorte real, proprietária de terras e líder de campanhas militares — Fu Hao foi isto tudo, numa altura em que ser mulher e guerreira não seria nada do outro mundo. “Os ossos de oráculo dão-nos os nomes de pelo menos cem mulheres que foram ativas em campanhas militares Shang. Eram quase todas esposas de reis Shang ou de poderosos senhores locais ou funcionários”, escreveu Toler, apontando que, no mundo antigo, uma relação com um homem poderoso facilitava o acesso ao poder militar e não só. Hao é exemplo disso — mas o mérito das suas conquistas é só seu.

Foi em Anyang, local da antiga capital da dinastia Shang, Yinxu, que foi encontrado o túmulo de Fu Hao. As ruínas de Yinxu permanecem um local de intensa atividade arqueólogica

Barcroft Media via Getty Images

“Black” Agnes Randolph

A condessa escocesa que expulsou os ingleses do seu castelo com vista para o mar

Durante a Segunda Guerra da Independência escocesa, na primeira metade do século XIV, o castelo de Dunbar tornou-se o centro do movimento de resistência contra Inglaterra na região sudeste da Escócia. Era por esta fortaleza, erigida junto ao mar, a cerca de 50 quilómetros de Edimburgo, que entravam os mantimentos necessários ao exército escocês, vindos do outro lado do canal. O castelo era então governado por Patrick Dunbar, nono conde de Dunbar e segundo conde de March. O conde tinha começado por apoiar a invasão de Eduardo III de Inglaterra, mas decidiu mudar de lado em 1334, após o monarca inglês ter ocupado grande parte do território escocês e obrigando o rei, David II, e a sua corte a pedirem auxílio aos franceses.

Com o avançar do conflito, o castelo de Dunbar tornou-se numa das poucas fortalezas ainda controladas pelos escoceses e um alvo preferencial das forças inimigas. Em janeiro de 1338, os ingleses decidiram que tinha chegado a hora de fazer cair Dunbar. Nesse mês, quatro mil soldados e um corpo de engenheiros militares comandados por William Montague, primeiro conde de Salisbury, estacionaram às portas do castelo. “Montague era um dos melhores generais do seu tempo e esperava uma vitória fácil” — o conde estava ausente e no seu lugar encontrava-se a mulher, Agnes Rudolph, condessa de Moray, conhecida pela alcunha de “Black Agnes” por causa do seu tom de pele escuro. “Não levou em conta o facto de Agnes ser uma nacionalista nascida e criada: sobrinha-neta de Robert Bruce [rei da Escócia, cuja morte levou à Segunda Guerra da Independência] e filha de um herói da Primeira Guerra da independência da Escócia [em que participou o famoso William Wallace]”, apontou Toler no seu livro.

O conde de Salisbury exigiu que o castelo se rendesse, mas Agnes recusou-se, dizendo-lhe, segundo Andrew de Wyntoun, autor da primeira versão escrita do cerco de Dunbar:

“Ao rei da Escócia devo a minha casa
Ele paga-me carne e taxas sem fim
E eu guardarei a minha boca velha
E a minha casa me guardará a mim”.

A resposta de Montague foi uma chuva de pedras. Enquanto tentava destruir o castelo, “Black” Agnes percorria as ameias gritando insultos aos ingleses lá em baixo e, entre ataques, sacudia o pó dos muros com lenços brancos. Montague acabou por desistir das catapultas, optando por uma torre, que pouco terá durado — foi destruída por enormes pedregulhos que Agnes mandou atirar, “provavelmente os mesmos que os ingleses tinham atirado antes contra o castelo”, sugeriu Toler. Apesar do desastre, o conde não desistiu, e “Black” Agnes também não. O cerco continuou até à primavera.

Por essa altura, os mantimentos começavam a escassear em Dunbar, mas a sorte estava do lado da condessa — quando tudo parecia perdido, Agnes recebeu o auxílio de Alexander Ramsay, de Dalhousie, que fez entrar 40 homens e provisões pela porta do castelo que ficava virada para o mar, evitando duas galés genovesas que os ingleses tinham contratado para cortarem o acesso marítimo à fortaleza. No dia seguinte, Agnes perguntou a Montague se aceitava pão fresco e um copo de vinho.

Em abril, o conde de Salisbury mandou ir buscar o irmão de Agnes, John Randolph, que ameaçou matar all mesmo se a condessa não rendesse. “Black” Agnes disse que só se poderia render com ordem do marido e lembrou William Montague que, se John morresse, seria ela a herdeira todas as suas terras. Para Montague, foi a gota de água — mandou Randolph para Inglaterra para servir de moeda de troca noutro lugar, assinou tréguas a 10 de junho, fez as malas e partiu para França, onde os seus homens eram necessários. Tinha começado a Guerra dos Cem Anos, que tornaria uma outra mulher guerreira famosa — Joana d’Arc.

Não se sabe ao certo quanto da história de “Black” Agnes é verdade, uma vez que não existe qualquer relato contemporâneo do cerco de Dunbar. A primeira fonte escocesa para a história da resistência de Agnes é uma crónica em verso escrita por Andrew de Wyntoun, prior do mosteiro de St. Serf, por volta de 1420, quase um século depois dos acontecimentos que relata. A popularidade da “Black” Agnes ganhou um novo impulso no século XIX, quando os nacionalistas escoceses, entre eles o escritor Sir Walter Scott, usaram a sua história “como um apelo ao orgulho no passado da Escócia” e transformaram a condessa de Moray numa heroína nacional.

As ruínas do castelo de Dunbar, onde "Black" Agnes resistiu às tropas inglesas durante vários meses. A fortaleza fica junto ao mar, a cerca de 50 quilómetros de Edimburgo

Getty Images

Ginga

A rainha angolana que defendeu o reino contra os portugueses

Quando os portugueses fundaram uma colónia comercial na costa da atual Angola, na segunda metade do século XVI, o reino de Ndongo era o segundo maior estado da África Central. Como explica Pamela D. Toler no seu livro, “a sua população de aproximadamente cem mil pessoas vivia sob o domínio de senhores locais chamados sobas, que deviam lealdade ao governante central, o ngola, que vivia na capital, Kabasa”. Ngola Kiluanji, que então governava o Ngondo, procurou resistir à ocupação portuguesa e ao comércio de escravos. Em 1582, quando a sua filha Nzinga nasceu, estava em guerra com Portugal, e assim se manteve durante o resto da sua vida.

Em 1617, Kiluanji morreu, sucedendo-lhe o seu filho, Ngola Mbandi. Para consolidar a sua posição, matou todos os potenciais rivais, incluindo o único filho da irmã Nzinga; e para impedir que o seu poder fosse alguma vez contestado, mandou esterilizar as suas três irmãs, um “processo horrível” em que, segundo Toler, “eram atirados óleos misturados com várias ervas ‘a ferver para as barrigas das irmãs, para que, com o choque, o medo e a dor, elas ficassem para sempre incapazes de dar à luz’”. Como aponta a historiadora, este parece ter resultado: “Nenhuma das três irmãs deu à luz depois disso”. Mbandi procurou depois afastar os portugueses do seu território, iniciando uma guerra que se prolongou por quatro anos. Mas o novo ngola “não tinha nem o carisma do seu pai nem a inteligência da sua irmã Nzinga Mbandi”, refere a página da UNESCO a ela dedicada.

Foi no âmbito do conflito com os portugueses que Nzinga começou por se destacar. Em 1621, chegou a Luanda um novo governador, João Correia de Sousa. Na esperança de conseguir mudar a situação, Mbandi enviou a irmã à capital colonial para negociar um tratado com Portugal. Nzinga chegou acompanhada por uma comitiva de soldados, músicos, escravos e damas de companhia e com o título de “enviada oficial”. Nada disto impressionou Correia de Sousa, que recebeu a irmã do ngola sentado no trono de governador na sala de audiências e a convidou a sentar-se no chão, numa almofada à sua frente. Nzinga recusou-se e fez sinal a uma escrava para avançar em seu lugar. A mulher ajoelhou-se e a “enviada oficial” sentou-se nas suas costas.

Nzinga Mbandi ficou vários meses em Luanda e negociou o tratado em nome do irmão. Nenhum dos lados cumpriu o acordo e a guerra rapidamente regressou ao Ngondo.

Ao fim de menos de uma década de reinado, Ngola Mbandi morreu. A história oral afirma que se suicidou num momento de desespero, mas na altura acreditava-se que tinha sido envenenado. Nzinga sucedeu-lhe enquanto regente até que o sobrinho fosse maior de idade. Descontente com a situação, arranjou forma de o envenenar e de ser escolhida como a nova ngola do Ngondo. “Depressa se distinguiu como uma excelente governadora. As suas técnicas na guerra e espionagem, as suas habilidades diplomáticas, a sua capacidade para jogar inúmeras alianças estratégicas e o seu conhecimento do comércio e religião serviram-na bem na sua resistência tenciona contra as aspirações colonialistas de Portugal”, salienta a UNESCO.

O seu reinado não foi mais fácil do que o do seu irmão ou o do seu pai — a rainha passou os 30 anos seguintes em guerra, muitas vezes liderando ela própria os ataques, e em conflito diplomático com Portugal, só tendo conhecido alguma paz durante o período que se seguiu à conquista de Luanda em 1641 pelos holandeses, aos quais se aliou para afastar os portugueses do território. Finalmente, em 1659, assinou um tratado de paz com Portugal, que lhe permitiu reinar com relativa calma até à sua morte. Nzinga Mbandi Ngola morreu em dezembro de 1663. Foi sucedida por uma das suas irmãs, Gambi, que procurou dar continuidade às suas políticas, no Ngondo e também em Matamba, reino vizinho que Nzinga tinha conquistado em 1630. Só décadas mais tardes é que os portugueses conseguiram integrar os territórios na sua colónia.

A história da rainha Nzinga ficou conhecida na Europa no século XVIII, após a publicação, em 1769, da obra de Jean-Louis Castilhon, Zingha, Reine d’Angola, a primeira tentativa de descrever a vida da ngola. Hoje Nzinga, ou Ginga como é também conhecida, é um símbolo da luta contra a opressão, em Angola e não só, e faz parte do imaginário histórico e cultural dos angolanos.

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