Muitas escolas são servidas apenas por um autocarro de manhã e outro ao final da tarde, obrigando os alunos a permanecer todo o dia na rua, alertou esta segunda-feira o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE).

Dentro de duas semanas, os alunos do 11.º e 12. anos deverão retomar as aulas presenciais às disciplinas a que se propuseram fazer exames nacionais, o que em alguns casos significará ter aulas apenas a uma ou duas disciplinas.

No entanto, “existem muitas escolas no país, em especial no interior, que só são servidas por um autocarro de manhã cedo e outro ao fim do dia, o que vai obrigar a que os alunos passem o dia todo fora de casa”, alertou Manuel Pereira em declarações à Lusa.

Nos casos em que os alunos vivem perto das escolas não haverá problemas, mas o presidente da ANDE lembrou que existem muitas famílias que moram a muitos quilómetros de distância dos liceus, em especial no interior.

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Os diretores escolares continuavam esta segunda-feira a aguardar orientações do Ministério da Educação para saber como reorganizar o regresso às aulas em época de pandemia de Covid-19, que em Portugal já provocou mais de mil mortos entre mais de 25 mil infetados.

Manuel Pereira lembrou que “não será um simples retomar das aulas, mas sim um modelo totalmente diferente, com novas regras e novas formas de funcionamento”.

Os diretores precisam de saber, por exemplo, como deverão ser constituídas as turmas de forma a manter as regras de distanciamento que reduzam as probabilidades de contágio do novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19.

É preciso saber quantos alunos podem estar numa mesma sala de aula para poder também definir quantos professores serão necessários.

Manuel Pereira lembrou que também faltam informações sobre quem são os docentes que vão poder dar aulas presenciais e quais os que devem continuar a trabalhar à distância, por integrarem grupos de risco.

No ensino secundário, há uma grande percentagem de docentes com mais de 50 e até 60 anos“, disse o presidente da ANDE.

Os diretores escolares já sabem quantos alunos estão previstos regressar à escola, sendo que “poderá haver famílias que optem por continuar em casa” durante a pandemia da Covid-19, acrescentou.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro António Costa anunciou que os alunos do 11.º e 12.º anos serão obrigados a usar máscaras nas escolas, mas os diretores também continuam sem saber se será o governo a disponibilizar os equipamentos de proteção ou se deverão ser as escolas a adquiri-los.

Na semana passada, algumas escolas começaram a ser contactadas pelas Forças Armadas para avançar com as operações de limpeza e formação dos funcionários das escolas.

O recomeço das aulas presenciais para o 11.º e 12.º ano e também dos 2.º e 3.º anos de outras ofertas formativas do ensino secundário está previsto para 18 de maio, mas esta decisão continua dependente da evolução da pandemia.

Portugal está desde domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência, que começou a 19 de março.

Esta nova fase de combate à Covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.