O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) disse esta segunda-feira que “tudo foi feito” para prestar ao treinador e ex-atleta do Sporting Nuno Alpiarça, que morreu na quinta-feira da semana passada, “os melhores cuidados de emergência médica” — e acusou quem criticou a ação dos serviços de emergência de não ter “qualquer conhecimento de causa sobre o sucedido na ocorrência”.

A polémica foi levantada no domingo por uma carta enviada ao Parlamento pela Associação Nacional de Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (ANTEPH), que denunciou falhas recorrentes no socorro pré-hospitalar, classificou o sistema de emergência médica como “desadequado” e “assimétrico” e apontou o exemplo da morte de Nuno Alpiarça como um sinal de que o sistema de emergência não está a funcionar adequadamente.

Na última quinta-feira, Nuno Alpiarça preparava-se para iniciar um treino com um dos atletas paralímpicos que costuma acompanhar quando morreu vítima de uma paragem cardiorrespiratória. Nos últimos dias, tem sido denunciada a demora na ação dos meios de emergência neste caso concreto, com o argumento de que Nuno Alpiarça chegou ao hospital duas horas depois do primeiro telefonema para o 112.

Morte de Nuno Alpiarça “levanta suspeitas” de falha no sistema de emergência

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Numa série de 21 tweets publicados na manhã desta segunda-feira, o INEM respondeu às notícias que diz serem “elaboradas com base em comunicados de entidades sem qualquer conhecimento de causa sobre o sucedido na ocorrência” e explicou detalhadamente os contornos do caso envolvendo Nuno Alpiarça.

Segundo as mensagens publicadas no Twitter, “o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM recebeu, às 10h19m, uma chamada solicitando ajuda para um homem que estaria a correr e teria sofrido uma queda, apresentando possível traumatismo do joelho”. Tendo em conta os sintomas referidos, “e depois de realizada a triagem clínica da situação, foi acionada, às 10h21, uma Ambulância de Emergência Médica (AEM) para o local da ocorrência”.

“À chegada da tripulação da Ambulância, e após a primeira abordagem, foi referido pela própria vítima que estaria com dificuldade respiratória já há uma semana, motivo pelo qual, considerando as normas e procedimentos em vigor na fase de mitigação da pandemia COVID-19, um dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) vestiu o Equipamento de Proteção Individual (EPI) para poder prosseguir com a avaliação da vítima em segurança”, explica o INEM.

“Após estarem reunidas as condições de segurança e enquanto o TEPH continuava a avaliação da vítima, foram identificados sinais e sintomas de maior gravidade que justificaram o início de oxigenoterapia e o contacto com o CODU, às 10h57, para pedido de apoio diferenciado”, acrescenta a informação do INEM.

Foi já durante este contacto da tripulação da ambulância com o CODU que Nuno Alpiarça entrou em paragem cardiorrespiratória, “tendo sido iniciadas imediatamente manobras de Suporte Básico de Vida com recurso ao Desfibrilhador Automático Externo”.

O agravamento do estado de saúde do atleta obrigou a que fosse chamada para o local uma Viatura Média de Emergência e Reanimação, que chegou ao sítio do acidente às 11h13. Os médicos tentaram reanimar Nuno Alpiarça “durante aproximadamente 20 minutos”, mas após esse período contactaram com o hospital de Santa Maria, para onde o atleta foi levado às 11h43.

O INEM sublinha que o facto de, na chamada inicial, não terem sido “indicados quaisquer sinais ou sintomas compatíveis com uma vítima crítica” levou a que tenha sido enviado para o local “o meio de socorro mais indicado para resolução da situação” — a ambulância de emergência. A identificação de um quadro clínico de dificuldade respiratória levou depois ao cumprimento dos protocolos obrigatórios — e a paragem cardiorrespiratória obrigou a tripulação da ambulância a pedir “apoio diferenciado”.

“Não se confirma, desta forma, ter existido qualquer atraso na assistência”, sublinha o INEM. “Compreendemos que exista um desconhecimento sobre a atuação das equipas do INEM, mas não é correto referir-se que o doente demorou duas horas a chegar ao hospital quando a VMER é precisamente um meio de emergência médica altamente diferenciado.”