Associações representativas das escolas de condução alertaram esta segunda-feira para o impacto financeiro da Covid-19 no setor e temem que muitas destas escolas abram falência, nomeadamente aqueles que são de pequena dimensão e que não recorreram ao layoff.

As 1.300 escolas de condução estão fechadas desde 16 de março devido à pandemia de Covid-19 e um despacho, esta segunda-feira publicado em Diário da República, mantém a suspensão até pelo menos 18 de maio, data do início das aulas, podendo os serviços administrativos reabrir a 11 de maio com medidas de proteção.

Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Associação Nacional de Escolas de Condução Automóvel (ANECA), António Reis, disse que a reabertura vai implicar “mais custos” e “mais encargos financeiros” para as escolas de condução.

António Reis estimou que muitas escolas de condução possam vir fechar e que passe a existir “um aumento considerável” do desemprego.

“Cumprir todas as exigências, todos os encargos e os próprios custo da retoma indicam que vai haver muita dificuldade das escolas de condução reabrirem em condições”, frisou, ressalvando que ainda está “na expectativa de que os prejuízos não sejam tão elevados” e que “o setor consiga ultrapassar esta grande dificuldade”.

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Segundo o responsável, 68% das empresas recorreram ao layoff e as restantes 32% não recorreram por diversos motivos, nomeadamente porque não conseguiram reunir os documentos exigidos porque já se encontravam numa situação muito débil.

São precisamente estes 32% de escolas de condução que a ANECA teme que não voltem a abrir.

A ANECA já tinha pedido ao Governo a criação de linhas de crédito com condições mais favoráveis devido à crise que está atravessar o setor do ensino da condução.

Sobre esta proposta, António Reis referiu que, até ao momento, ainda não obtiveram qualquer resposta.

O mesmo responsável sublinhou que a situação do setor já era difícil, mas, com a reabertura, existirá um agravamento das condições financeiras das escolas de condução.

Segundo a ANECA, quando os serviços administrativos reabrirem em 11 de maio só vai ser possível atender presencialmente uma pessoa e é a partir desta altura que vão ser criadas as medidas de proteção no espaço da escola de condução.

Em 18 de maio recomeçarão as aulas teóricas que, segundo as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS), vão ter de obedecer ao distanciamento físico de dois metros entre alunos, com um espaço reservado ao instrutor, além de que terão de ser evitado os aglomerados de pessoas nas escolas de condução.

António Reis explicou que as aulas práticas estão previstas para começar a 25 de maio e os exames uma semana depois, mas tudo está sujeito a uma avaliação.

O mesmo responsável acrescentou que nas aulas práticas só vão estar duas pessoas dentro do automóvel com máscara e viseira, além de ter de ser feita a higienização do veículo após a mudança de cada formando.

“O que implica uma reestruturação do horário, uma vez que as aulas de uma hora vão deixar de ser compensadoras, vai ter que se aumentar o número de horas para que o número de higienizações não seja tão frequentes”, precisou, salientando o “agravamento da responsabilidade”.

De acordo o vice-presidente da ANECA, as escolas de condução vão ter um aumento de custos muito considerável” com os equipamentos de proteção individual, que rondará os 150 euros por candidato.

Em relação aos alunos que se encontravam a tirar a carta de condução antes do fecho das escolas, este responsável explicou que existe um contrato de prestação de serviços que terá de ser cumprido, pelo que não devem fazer alterações dos preçários.

Também a Associação Portuguesa de Escolas de Condução chamou a atenção para os problemas económicos, principalmente para as escolas de condução que não conseguiram recorrer ao layoff, que são as de pequena dimensão.

“Muitas delas vão fechar. Vão desaparecer”, disse à agência Lusa o presidente desta associação Alcino Cruz.