A entrada numa nova fase do combate à pandemia, com a abertura gradual do comércio e a retoma do trabalho presencial, levanta outras questões de índole familiar. Já é possível reunir a família para um jantar? Para comemorar um aniversário? Podemos estar juntos como antes? O subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, disse, no habitual briefing das autoridades de saúde, que é possível “jantar em família”, mas que até nesses momentos devem ser mantidos todos os cuidados como no dia a dia fora de portas.
Relativamente a esses cuidados, desde a promulgação do decreto de lei do Governo que se instalou a dúvida sobre a possibilidade de optar pela máscara ou pela viseira. Os médicos alertaram para a diferença entre os dois dispositivos de proteção e frisaram que um não substitui o outro, pedindo mesmo ao Governo que alterasse a redação da lei.
Na conferência de imprensa desta terça-feira, o secretário de Estado da Saúde não excluiu uma possível afinação ao diploma: “As avaliações são feitas quinzenalmente. Este é um processo evolutivo, dinâmico. É um processo flexível. Se verificarmos que há algo a corrigir, garantidamente que o faremos”.
O documento do Governo foi criticado pelos médicos que garantem que uma viseira não substitui a necessária utilização da máscara, com evidência científica a provar a sua eficácia.
Médicos com provas no final da 1.ª época de internato médico a partir de junho
As provas de avaliação final da 1.ª época de internato médico – suspensas a 18 de março – serão realizadas a partir de 8 de junho, anunciou o secretário de Estado da Saúde, António Sales, acrescentando que o processo de avaliação final deverá ficar concluído até ao dia 3 de julho. “São boas notícias para os jovens médicos, mas excelentes notícias para o SNS que não pára”, afirmou.
António Sales aproveitou ainda a oportunidade para atualizar os números relativos à contratação de profissionais de saúde para o SNS. Segundo o secretário de Estado, são agora mais 2.300 os profissionais a trabalhar para o Estado, desde o início da pandemia. Destes, cerca de 750 são enfermeiros, mais de 100 são médicos, cerca de 1.100 são assistentes operacionais, 150 são técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e 150 assistentes técnicos, detalhou o responsável. “Continuaremos a reforçar e a robustecer o SNS para quem dele precisa”, disse António Sales.
Os ajustes diretos sem documentos e os acordos de convenção suspensos pelos privados e misericórdias
Já sobre a notícia divulgada esta manhã, referente ao facto de o Ministério da Saúde ter gastado quase 80 milhões de euros em contratos por ajuste direito, o secretário-geral da Saúde remeteu esclarecimentos para o decreto-lei criado a 23 de abril, o qual prevê ajustes diretos por “motivos de urgência fundamentados”. António Sales garantiu que o caderno de encargos e a proposta do ajucatário referentes aos contratos estarão brevemente disponíveis no portal Base Gov. À mesma hora, a ministra da Saúde falava à saída de uma visita em Matosinhos e garantia que “até ao final da semana” os documentos estariam online, numa cultura de “total transparência”.
Também na ordem do dia está a informação de que 13 privados e misericórdias suspenderam os acordos de convenção com SNS, em pleno pico da pandemia, entre 16 de maço e 24 de abril. No briefing diário, o secretário de Estado diz que a suspensão “é uma situação mais ou menos normal” e que “algumas destas instituições, por dificuldade logística e de pessoal, acabaram por pedir a suspensão da sua atividade durante este período”, acrescentando que acredita que as unidades “retomarão as convenções logo que tenham a capacidade para retomar a atividade”.
Já a ministra da Saúde, num tom mais crítico, afirmava que mesmo com essa suspensão de acordos de convenção os doentes foram tratados porque “o SNS não suspende serviços”, mas deixava a porta entreaberta: se “tiverem disponibilidade para regressar à atividade” poderá “ser útil para respostas mais rápidas, mais de proximidade”.
“Houve uma queda da taxa de vacinação no período de confinamento”
É já um tema recorrente nos briefings diários, a que se soma a campanha pela vacinação e constante apelo das autoridades de saúde. Esta terça-feira coube ao subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz anunciar a quebra na taxa de vacinação: “Houve uma queda da taxa de vacinação no período de confinamento”, apesar de todas as solicitações da DGS, confirmou.
Diogo Cruz referiu ainda que é natural que as pessoas tenham tentado cumprir o confinamento em casa, ainda que alguns motivos de saúde “fossem exceção a esse confinamento”, nas quais se aplicaria a justificação da vacinação. No caso dos centros de saúde, notou o responsável, tentou passar-se a mensagem de que são locais seguros, com zonas Covid-19 e zonas não Covid-19. “Estaríamos naturalmente à espera que houvesse uma quebra neste período, mas esperemos que seja recuperada nos próximos tempos com reabertura. Reitero a necessidade de se cumprir o programa nacional de vacinação de forma criteriosa”, referiu ainda apelando a que quem tem vacinas por fazer que as marque para evitar “filas nos centros de saúde”.