Tal como o resto de Itália, o Estado da Cidade do Vaticano também começou nesta segunda-feira a adaptar-se ao novo mundo e à realidade que exige, entre outros, máscaras no dia a dia. A retoma das celebrações com fiéis ainda parece distante, mas os “serviços ordinários da Santa Sé” já começam a voltar a funcionar num regime semelhante ao de antes da pandemia da Covid-19 ter atingido Itália, conforme tinha sido anunciado depois de uma reunião no final de abril.

Vaticano decide pela reativação gradual das cerimónias ordinárias

O primeiro serviço a ser reativado, segundo o jornal El Confidencial, serão as consultas de ambulatório já no próximo mês. Quanto às missas, segundo a agência Vatican News, do Vaticano, só serão mesmo hipótese no final de maio e — à semelhança de Portugal — dependerá da análise da curva epidemiológica e do impacto do desconfinamento nos números de internados e doentes no país.

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Quanto aos serviços ordinários da Santa Sé, serão “salvaguardadas as precauções sanitárias para limitar o contágio, a fim de assegurar o serviço” ao Papa e à Igreja, acrescenta a agência VaticanNews. Ao jornal El Confidencial, fontes do Vaticano garantiram que será feita uma “forte recomendação” para o uso de luvas e máscaras que incluirá todo o clero e, ainda, para que seja respeitado o “distanciamento social dentro do Vaticano”. Nos planos da Conferência Episcopal Italiana não está, pelo menos para já, a medição da temperatura aos fiéis que desejem participar nas celebrações uma vez que sejam retomadas.

Há uma semana, o Papa Francisco já pediu que às pessoas para que sejam “obedientes” e respeitem as medidas para a saída do confinamento imposto devido à Covid-19, “para que a pandemia não retorne”.

Papa pede respeito pelas medidas para a saída do confinamento

Preocupado com o impacto da pandemia no mundo, o Papa Francisco criou uma task force, coordenada pelo padre argentino Augusto Zampini, para dar resposta aos vários problemas e evitar “os erros da crise de 2008”. O objetivo é “evitar que os pobres sejam mais atingidos”. cinco grupos de trabalho a refletir sobre várias áreas que reportarão depois a uma direção composta por Augusto Zampini, o Cardeal Peter Turkson e o Monsenhor Bruno-Marie Duffé.

Augusto Zampini, agora com 50 anos, esteve já envolvido na resposta à epidemia do Ébola e, antes de ser ordenado sacerdote, era especialista em direito bancário e financeiro. Chegou a ser colaborador do Banco Central da Argentina, mas, aos 35 anos, mudou de vida.

O objetivo da equipa é acompanhar essas grandes opções, tomadas pelos líderes mundiais, “para que não se repitam os erros da crise de 2008 e que, desta vez, se tenha em conta os mais vulneráveis”, isto porque, segundo o responsável Zampini a história já ensinou “que as primeiras vítimas são os pobres”.

A iniciativa do Papa Francisco surge depois de ser fácil de constatar o aumento das desigualdades sociais com a pandemia. “Os que sofrem de disparidade económica correm maior risco de contágio e a doença traz repercussões socioeconómicas mais duras a nível de desemprego, violência e falta de acesso a serviços essenciais, como a água”, afirmou Zampini, em entrevista, ao VaticanInsider do jornal La Stampa.

Por isso, conclui o responsável, é preciso ajudar os mais pequenos e fragilizados: “Neste tempo de confusão e desespero, a Igreja pode surgir como ponto de referência e esperança.”