O futebolista internacional português Ricardo Quaresma escreveu esta noite um post no Facebook a atacar André Ventura a propósito de declarações do deputado do Chega ao jornal i a defender um “plano de confinamento específico para a comunidade cigana”. Como “homem, cigano e jogador de futebol”, Quaresma critica o “populismo racista do André Ventura”. O presidente da Associação de Mediadores Ciganos de Portugal (AMEC) também já reagiu às declarações de André Ventura, classificando-as como um “ato racista”.

Na publicação, o atleta que atualmente joga no Kasimpasa (Turquia) começa por queixar-se de “quem tenta ser alguém na vida atirando os homens uns contra os outros”. “Eu sou cigano. Cigano como todos os outros ciganos e sou português como todos os outros portugueses e não sou nem mais nem menos por isso”, argumenta na rede social, lembrando que já fez varias campanhas de apelo contra o racismo. E que o faz “não porque parece bem”, mas porque acredita “que somos todos iguais”.

Sobre Ventura, diz diretamente que o que o deputado do Chega diz “serve apenas para virar homens contra homens em nome de uma ambição pelo poder que a história já provou ser um caminho de perdição para a humanidade”. Recomenda mesmo: “Olhos abertos amigos” ao “populismo” que diz sempre que “é simples marcar golo mas na verdade marcar um golo exige muita tática e técnica”. E também para o racismo que “apenas serve para criar guerras entre os homens em que apenas quem as provoca é que ganha algo com isso”. O jogador da seleção portuguesa de futebol remata dizendo que a “vida é demasiado preciosa para ouvirmos vozes de burros… isto se queremos chegar ao céu”.

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Concordando com a publicação de Quaresma, Provêncio Canhoto, presidente da AMEC, questiona: “Então não somos todos portugueses?“.

“Ele é o contra de tudo. É um senhor que tem 30 ou 40 mil votos ganhos devido a estas revoltas. Este senhor é um racista, não é digno de nada. Como portugueses que somos, claro que eu e todos ficamos revoltados. As medidas têm de ser para todo o país”, frisa, em declarações à Rádio Observador, negando que haja necessidades específicas na comunidade cigana.

“Não somos todos portugueses?”. Associação de Mediadores de Ciganos reage à proposta do Chega

A agenda de André Ventura é muito crítica da comunidade cigana e esta terça-feira, em declarações ao jornal i, o deputado disse que “os acontecimentos na Leirosa” (Figueira da Foz)  – uma manifestação contra uma família de etnia cigana que a população acusa de desacatos na localidade nos últimos dois anos – davam razão ao discurso do Chega. E defende que o Parlamento deve debater a criação de um “plano de confinamento específico para a comunidade cigana que não aceita, maioritariamente, as regras sanitárias e de autoridade pública para a generalidade dos cidadãos”. Ventura disse ao jornal que quer uma proposta comum sobre a matéria e que iria contactar o PSD, o CDS e a Iniciativa Liberal com esse objetivo.