O Departamento de Estado norte-americano disse esta quarta-feira estar “muito preocupado” com as campanhas de desinformação concertadas entre os governos da Rússia e da China, durante a pandemia de Covid-19.

Para a diplomacia dos EUA, a Rússia e a China estão a colocar em prática “esforços concertados de desinformação”, para criar “narrativas falsas” e “teorias da conspiração” que fragilizem os países europeus no combate à propagação do novo coronavírus. Washington acredita que Moscovo e Pequim querem criar uma narrativa segundo a qual os países do Ocidente, especialmente os EUA, estão a perder a batalha contra a Covid-19, apresentando a China e a Rússia como modelos exemplares na contenção da propagação do novo coronavírus.

Durante uma teleconferência de imprensa que a Lusa acompanhou, Philip Reeker, embaixador para os assuntos europeus e da eurásia, e Lea Gabrielle, dirigente do Global Engagement Centre, do Departamento de Estado norte-americano, manifestaram a sua “profunda preocupação” com os esforços de Moscovo e de Pequim na guerra da informação.

O risco está a aumentar, à medida que evolui a pandemia, e acreditamos que vai atingir um pico no momento em que se começar a falar da vacina contra o novo coronavírus”, disse Lea Gabrielle, justificando a preocupação com as provas que diz estarem a ser recolhidas sobre esse esforço concertado dos governos chinês e russo.

O embaixador Philip Reeker lembra que esta guerra de desinformação não é nova, por parte de Moscovo, referindo anteriores episódios em que foram lançadas campanhas de “fake news” sobre a rede de telecomunicações 5G ou sobre a campanha presidencial de 2016 nos EUA.

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“Da parte da China, também há uma campanha de desinformação, com dois objetivos: limpar responsabilidades do Governo de Pequim sobre a origem do vírus; fazer passar a China como país líder no combate contra a pandemia”, disse Lea Gabrielle.

Os dois altos responsáveis do Departamento de Estado norte-americano mostraram-se convencidos de que Moscovo e Pequim estão a fazer um esforço concertado para descredibilizar o comportamento do Governo dos EUA durante a atual crise sanitária.

Eles estão a usar mecanismos de desinformação a nível global para passar várias teorias da conspiração. Uma é a de que os Estados Unidos criaram este vírus para controlar a população. Outra teoria tenta demonstrar que a China e a Rússia estão a conseguir controlar a pandemia de forma exemplar, ao contrário do que sucede no Ocidente”, explicou Lea Gabrielle.

Philip Reeker disse ainda estar preocupado com os mecanismos de segurança nos sistemas de saúde e hospitalares, perante as ameaças de ciberterrorismo, em tempo de pandemia. “Sabemos dessa vulnerabilidade. Por isso, temos procurado partilhar com os nossos aliados experiências de cibersegurança, sabendo que estas formas de cooperação podem ser a nossa melhor arma contra os perigos externos”, explicou o embaixador para os assuntos europeus e da eurásia.

Reeker disse ainda que o Departamento de Estado norte-americano acompanhou “com atenção” a recente missão militar russa que forneceu ajuda ao Governo italiano, durante o pico da pandemia que provocou muitos milhares de mortes naquele país europeu.

Respondendo a várias perguntas de jornalistas sobre o tema da suspensão de ajuda financeira à Organização Mundial de Saúde (OMS), o embaixador deixou a mensagem de que não se tratou de “uma punição” àquela agência das Nações Unidas. “Não se trata de uma punição. Tratou-se apenas de realçar que a OMS não esteve bem, na forma como geriu o controlo da pandemia. De resto, dirigentes da organização reconheceram falhas. Trata-se agora de as corrigir e os Estados Unidos estão disponíveis para ajudar nessas correções”, afirmou Reeker.