Moradores de Paraisópolis, a segunda maior favela da cidade brasileira de São Paulo, realizaram um projeto educativo com 240 pessoas que deverão atuar como socorristas de emergência no atendimento de casos suspeitos do novo coronavírus.

Os socorristas capacitados vão trabalhar em bases espalhadas em seis microrregiões da favela, ajudando nos primeiros socorros, como força auxiliar do Corpo de Bombeiros.

A preparação desta equipa decorreu em parceria com a União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, o G10 das Favelas, o Grupo Bombeiro Caetano (GBC) e a Associação Bombeiro Mirim Juvenil Voluntário (BMJV), que cedeu as bolsas de estudos aos moradores que se formaram esta quarta-feira.

A favela de Paraisópolis, localizada na região oeste de São Paulo, foi dividida em seis microrregiões: Centro, Grotão, Grotinho, Brejo, Prédios e Antonico.

Cada região terá 10 equipas, formando as 60 bases compostas por brigadistas que usarão pranchas longas, material de primeiros socorros e equipamentos de proteção individual (EPI) para atender os moradores da favela.

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Além disso, a comunidade vai contratar 12 bombeiros civis, que irão auxiliar os moradores nas bases.

Os recursos para a compra dos equipamentos e para manter os profissionais estão a ser angariados através de uma campanha de financiamento coletivo.

Para Gilson Rodrigues, coordenador nacional do G10 das Favelas e líder comunitário em Paraisópolis, a iniciativa é uma resposta à falta de atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que inclusive teve um posto desativado na região da favela.

“Em Paraisópolis, o SAMU dificilmente chega. A situação ficou pior depois que a base que atendia a região fechou”, afirmou Rodrigues.

A Primeira Brigada de Emergência de Primeiros Socorros de Paraisópolis é um projeto piloto implantado semelhante ao Resgate do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.

O projeto das brigadas de socorristas irá formar novas turmas nas comunidades do Brasil que compõem a rede do G10 das Favelas, organização que reúne líderes comunitários que uniram forças em prol do desenvolvimento económico e protagonismo das comunidades pobres do Brasil.

O Brasil registou 114.715 casos confirmados e 7.921 mortes provocadas pela Covid-19, desde que a pandemia chegou ao país, segundo dados mais recentes do Ministério da Saúde.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 257 mil mortos e infetou quase 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.