O México ultrapassou esta quarta-feira duas barreiras: mais de 25 mil infetados pelo novo coronavírus e mais de 2.500 mortes associadas à pandemia. No entanto, o pico de hospitalizações de doentes graves só é esperado durante a próxima semana, entre 11 e 15 de maio, segundo o próprio Governo. Enquanto o vírus se propaga pelo país, são cada vez mais as comparações na imprensa, na local e na internacional, entre o presidente mexicano e Donald Trump. É que, à semelhança do seu congénere norte-americano, também Andrés Manuel López Obrador gosta de prolongar as suas conferências de imprensa diárias, que já chegaram a durar mais de duas horas.

Em termos de valores, no ranking mundial de números absolutos de infetados, o México está logo abaixo de Portugal (26.182). Só que enquanto em Lisboa o mais recente balanço dá conta de 480 novos contágios, no México foram registados 1.120 casos só nas últimas 24 horas. Claro que para estes dados não é indiferente que a população mexicana seja de mais de 126 milhões, enquanto que a portuguesa é de 10 milhões.

Contas feitas, o país tem um acumulado de 26.025 infetados — 6.708 casos ainda ativos (378 em estado crítico) e 16.810 doentes recuperados, a que se somam as 2.507 mortes.

Antes de a situação melhorar, ainda deve piorar, segundo o Governo mexicano, embora se espere que o país esteja cada vez mais próximo do movimento decrescente na curva de propagação do vírus. Na segunda-feira, as declarações oficiais do subsecretario de Prevenção e Promoção da Saúde na Secretaria de Saúde de México eram no sentido de se esperar um cenário mais complicado nos hospitais durante a semana de 11 a 15 de maio.

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Para essa altura, disse Hugo López-Gatell Ramírez, será de esperar que aumentem os doentes internados em cuidados intensivos, aumentando também a pressão sobre o frágil serviço nacional de saúde, que começa a debater-se com falta de espaço para os doentes.

Esta quarta-feira, Ramírez teve um discurso mais tranquilizador: a curva está a começar a achatar e o governante acredita que o pico dos contágios poderá acontecer já esta sexta-feira. De facto, o maior número de infeções diárias no país foi registado a 2 de maio (1.515) e, desde então, o valor não voltou a ser ultrapassado. A queda não é, ainda, evidente.

Isso não impediu que Amlo, como é conhecido o presidente mexicano, de ter anunciado que o México achatou a curva da propagação do coronavírus, ainda antes de isso ter acontecido e numa altura em que os números oficiais mostravam que as infeções estavam em crescendo.

Durante a semana passada, numa das suas conferências de imprensa diárias — que entretanto passaram a duas vezes ao dia, havendo uma comunicação também à noite — passou boa parte do tempo a atacar um jornal nacional, considerando que este tem feito uma cobertura injusta da pandemia no país. A colagem a Trump, e às suas investidas contra a imprensa e as fake news, foi imediata.